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  • 01.04.2014 - 09:26

    Lobby de aliado de Blatter fortaleceu Argélia para Copa


     Ainda tratada como algo incipiente no Brasil, a disputa por jogadores de dupla nacionalidade ferve os bastidores especialmente na Europa e na África. E foi especialmente por sucesso nessa batalha que envolve muita política e pouco futebol que a Argélia conseguiu o direito de disputar a Copa do Mundo pela segunda edição consecutiva.

    O grande responsável pelo êxito argelino nos bastidores atende pelo nome de Mohamed Raouraoua, um dos principais aliados de Joseph Blatter e candidato forte a presidir a Confederação Africana de Futebol a médio prazo. Foi ele que tomou a frente dessa empreitada e conseguiu “reforços” franceses para a seleção da Argélia. O último deles foi o jovem sensação do Tottenham, Nabil Bentaleb (94).

    Presidente da Associação do Norte da África e vice-presidente da Associação dos Países Arábicos, Raouraoua foi o principal defensor para que a Fifa inicialmente permitisse que jogadores não convocados até os 21 anos adotassem outra nacionalidade. Em 2009, o dirigente argelino conseguiu avançar: mesmo que tivessem atuado na base pelo país onde nasceram, jogadores também poderiam fazer uma nova escolha.

    Em sua luta por cada vez mais poder, Joseph Blatter sempre precisou ceder aos interesses da África, onde há 53 votos na Fifa. E para os dirigentes africanos, a conquista do poder local evidentemente passa por ter seleções o mais forte possível. Gana, graças ao lobby de Raouraoua, tirou Kevin-Prince Boateng da Alemanha. Ninguém, ainda assim, ganhou mais do que a Argélia de milhões que se mudaram no passado em busca de uma vida melhor na França.

    Na última convocação em março, 13 de 23 jogadores argelinos eram franceses. Na Copa do Mundo passada, eram 17 entre os 23. Entre esses nascidos na França, boa parte das referências da equipe da Argélia. Feghouli, meia do Valencia, Bougherra, capitão da equipe, e ainda Faouzi Ghoulam, defensor do Napoli. Mas ainda precisava mais.

    Se já não bastasse esses, Raouraoua viajou até a Europa para se encontrar pessoalmente com Bentaleb, cobiçado por franceses e ingleses. A exemplo de como havia sido com Feghouli, o presidente da Confederacão Argelina de Futebol conseguiu convencer o jovem do Tottenham a optar pela nação de seus pais.

    Enquanto se notabilizou como o principal dirigente da história do futebol argelino, Mohamed Raouraoua se fortaleceu na África graças aos êxitos na batalha das duplas nacionalidades e assim obteve mais poder na Fifa. Há dois anos, Mohamed se tornou membro do Comitê Executivo da entidade. Já em 2013, foi o presidente do Comitê Organizador do Mundial de Clubes no Marrocos.