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18.03.2014 - 18:15
'Crimeia é e sempre será russa', diz Vladimir Putin
Do UOL, em São Paulo
O presidente russo, Vladimir Putin, fez um longo pronunciamento ao Parlamento de seu país sobre a anexação da Crimeia e afirmou, nesta terça-feira (18), que leis internacionais não foram transgredidas com a declaração de independência da Ucrânia.
"A Crimeia é uma terra russa, Sebastopol é uma cidade russa", disse Putin. "A Crimeia sempre foi e seguirá sendo" parte da Rússia.
Em referendo realizado no último domingo (16), mais de 95% dos votantes na Crimeia aprovaram a anexação à Rússia -- para Putin, um resultado "mais do que convincente".
"Cidadãos da Crimeia pediram a nossa proteção para evitar o que aconteceu em Kiev, e não podíamos deixar a população da Crimeia em apuros, senão seríamos considerados traidores", disse o presidente.
Em discurso muito aplaudido, o líder russo não poupou críticas ao Ocidente pelo que chamou de "interferência" e pelas sanções adotadas contra a Rússia em repúdio ao referendo.
"No caso da Ucrânia, nossos parceiros do Ocidente cruzaram uma linha, uma linha vemelha. Eles foram irresponsáveis", afirmou. "É bom que eles lembrem que a lei internacional existe, é melhor tarde do que nunca."
"Eles foram míopes. Não pensaram nas consequências. A Rússia tem seus interesses nacionais que devem ser levados em consideração."
Putin citou uma resolução dos Estados Unidos de 2009 que garante que "uma declaração de independência pode ocorrer para violar a lei doméstica, mas não a lei internacional".
De acordo com o presidente russo, a Ucrânia fez o mesmo quando deixou a extinta URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), e agora os moradores da Crimeia têm esse mesmo direito negado.
ENTENDA A IMPORTÂNCIA DA CRIMEIA
"Você não precisa de autoridades centrais para declarar seu país soberano. A lei internacional não bane uma declaração unilateral de independência", afirmou Putin.
Após declarar que deseja a reabilitação dos tártaros na Crimeia e o estabelecimento de três línguas oficiais na região –russo, ucraniano e o idioma dos tártaros da Crimeia--, o presidente disse que "as relações com a Ucrânia sempre serão importantes para nós".
"Em nossos corações, a Crimeia sempre foi uma parte inalienável da Rússia", afirmou Putin.
Em uma tentativa de assegurar que não quer tomar outras partes da Ucrânia, o presidente russo disse que a Rússia não quer que o país seja dividido.
"Não acreditem naqueles que tentam assustar vocês com a Rússia e que gritam que outras regiões virão depois da Crimeia", disse Putin. "Não queremos uma partição da Ucrânia, nós não precisamos disso."
O presidente afirmou ainda que nunca irá iniciar uma confrontação com o Ocidente, mas que defenderá os interesses russos.
A Crimeia, que abriga a frota russa no mar Negro, foi parte da Rússia até 1954, quando o então dirigente soviético Nikita Kruschev passou seu controle à Ucrânia.
Após a queda do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, em fevereiro de 2014, as populações das regiões sul e leste do país foram às ruas para protestar contra o que consideraram um golpe de Estado. A Rússia, aliada de Yanukovich e com interesses na região, apoiou esse movimento. (Com agências internacionais)
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