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  • 23.03.2020 - 14:20

    APÓS COVID19: Mundo vai parar, empresa pequena quebra e ricos dominam, dizem analistas


    A pandemia do coronavírus vai jogar o mundo inteiro em uma recessão este ano e alterar de maneira permanente a forma com que países e empresas fazem negócios, dizem economistas. Para especialistas em relações internacionais, as medidas tomadas por governos para conter o avanço da covid-19 em 2020 terá dois tipos de impacto. No curto prazo, a riqueza mundial, medida pelo PIB, vai diminuir, isso é quase certo. E, no longo prazo, governantes e corporações vão mudar a forma com que produzem, compram e vendem produtos e serviços. Os países mais ricos do mundo, como Estados Unidos e China, com mais dinheiro para ajudar empresas em dificuldades, devem ocupar espaço das nações com menor poder financeiro, como Brasil, Argentina, México, Espanha ou Itália. Esses terão mais casos de falências no setor privado. Da mesma forma, as companhias de grande porte, com mais recursos em caixa e maior acesso às linhas de financiamento, vão se aproveitar do espaço deixado no mercado por pequenas e médias empresas que sucumbirem à recessão.

    Recessão no mundo todo Os economistas são quase unânimes em afirmar que haverá recessão global em 2020. Os países vão produzir menos este ano que em 2019. Segundo a firma de gestão de recursos e consultoria Schroders, citando pesquisa da empresa de informações Thomsom junto a analistas, o PIB do mundo vai ter retração de 3,1% este ano em comparação com 2019. Uma estimativa bem pior do que a que havia antes do coronavírus, que apontava para um crescimento de 2,3%. Os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, até aparecem com uma estimativa de crescimento, mas isso se deve exclusivamente à China. Os demais países desse bloco devem ter recessão em 2020, incluindo o Brasil.

    Os países mais ricos e empresas com mais caixa vão se recuperar mais rapidamente desse tombo, afirma Astrauskas. Assim, enquanto o restante do mundo estiver passando por uma retomada lenta, os líderes globais poderão ocupar espaços no mercado, alterando de forma definitiva o desenho atual das cadeias de produção. "Após a recessão, vamos ter um aumento da concentração da riqueza no mundo. Isso já vem acontecendo e vai se acelerar. Esse vai ser o grande debate após passada a pandemia, porque a concentração tem efeitos sobre a renda. Então, serão necessários novos marcos regulatórios que estimulem a distribuição de renda", afirma Astrauskas.

    Sem ajuda, empresas pequenas vão quebrar

    A recessão de 2020 provocada pelo covid-19 vai afetar empresas e países de forma diferente. Será mais severa sobre quem for mais frágil. Se os governos não agirem para socorrer as pequenas e médias empresas, liberando linhas de crédito ou adiando ou cortando recolhimento de impostos, por exemplo, haverá maior mortalidade entre os menores empreendedores. E isso acaba afetando diretamente bilhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial do Comércio, em 2018, as pequenas e médias empresas representavam cerca de 70% do emprego global no mundo corporativo. Nas economias em desenvolvimento, caso do Brasil, esse segmento responde por mais de 55% do PIB. O problema é que essas empresas já estão perdendo participação na economia mundial por causa da globalização. Com mais dinheiro em caixa e maior acesso ao capital, as grandes corporações estão tirando fatias de mercado e de clientes dos empreendedores regionais.

    Segundo o Global Policy Forum, ONG formada em 1993 por economistas de todo o mundo, as 200 maiores corporações do planeta aumentaram de 24% para 30% a fatia que detêm na produção global ao longo dos últimos 20 anos. Esse processo deve se aprofundar se os governos não adotarem práticas de proteção às pequenas e médias companhias. (BOL)

    João José Oliveira/do UOL, em São Paulo