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  • Lobato e o nosso petróleo

    30/11/2013

     Assim como Tiradentes sonhou com uma nação livre, Benjamin Constant com um regime republicano no país, Luís Carlos Prestes com um Brasil mais justo e igualitário, também Monteiro Lobato figura entre os nacionalistas históricos, com o ideal da soberana exploração do nosso petróleo, exclusivamente pelos brasileiros.

    No entanto, os atuais e inflamados debates, nos meios políticos e científicos, e a expectativa atual da sociedade sobre a recente descoberta de uma inimaginável reserva do precioso óleo mineral, no subsolo do mar territorial brasileiro, ainda não acenderam os ânimos por uma campanha com o alcance da intitulada “O petróleo é nosso”, com que o autor de “Urupês” sacudiu o país, no governo Vargas, resultando na criação da Petrobras.

    A estatal destinada, inicialmente, a monopolizar e garantir a auto-suficiência da valiosa matéria prima, com investimentos próprios do capital nacional, descaracterizou-se, entretanto, disfarçadamente, ao longo dos anos, pela inesperada interveniência e participação do braço empresarial estrangeiro na sua extração e mercantilização, desvirtuando, afinal, a grande causa do visionário tabaréu paulista.

    Lobato foi um super excelente espírito de sua época, defendendo projetos políticos e progressistas somente comparáveis aos do barão de Mauá, no império, enchendo todo o espaço disponível deste país, então rarefeito de figuras geniais. Notável criador da literatura infantil, ensaísta e polemista temido, tradutor e primeiro editor brasileiro, imortalizou no cenário épico o seu caricato Jeca Tatu, um ironizado protótipo do nosso rurícola, esmagado pelo latifúndio e, segundo célebre discurso de Rui Barbosa, abandonado pelos poderes públicos à mais infanda miséria.

          Contudo, foi o combate a evasões de nossas inestimáveis jazidas petrolíferas, a maior agora revelada ao mundo e encravada no leito geolítico do Atlântico, como opulento colar da costa nordestina, o supremo ideal de sua vida e da luta, sobretudo jornalística e panfletária, em razão da qual suportara toda a sorte de desditas pessoais, inclusive a prisão política sob injustas e injuriosas acusações.

    É possível que à falta de um grito rebelde e inconformista, tal qual o de Lobato, há sessenta anos, a ambição de multinacionais do gênero e o olho grande de nações economicamente poderosas, compactuadas com o frouxo regime gestor de uma Petrobrás servil, deserde o povo brasileiro, definitivamente, como acontecera com o pau-brasil, as minas de ouro e prata da colônia e a riqueza vegetal amazônica, desta última e exuberante herança da natureza, adormecida no fantástico reservatório do chamado pré-sal, que supera, de longe, comprovadamente, segundo a palavra da exímia tecnologia, as maiores e mais produtivas regiões do ouro negro no planeta. 

    Deus salve o Brasil! “Não verás nenhum país como este!”.


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