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  • O célebre escritor

    12/09/2013

     Uma mera e despretensiosa visão intemporal da arte literária revela que a eternidade bibliográfica dos mais prodigiosos autores, de todos os tempos, sobremaneira nos países, historicamente, civilizados, foi, cediça e notadamente, conquistada, apenas por uma única e consagradora obra-prima.

    Resultou, portanto, em qualquer época, somente de um livro incomparável, genialmente inspirado e escrito por notável e indimensível expressão da inteligência criadora, sobre curiais ou mesmo comezinhas temáticas, inerentes ao fenômeno da existência humana e suas mais desconcertantes circunstâncias.

    Vivo e influente ao longo dos séculos, esse compêndio, ímpar e inigualável, resistiu ao tempo, traduzido em várias línguas e difundido por todos os povos, em prosa ou verso, com o distinguido conceito de “clássico”, de modo a converter-se em monumento do processo civilizatório e relíquia do patrimônio cultural da humanidade.

    Com essa grandeza, milhares de anos após a sua criação, a “Ilíada” e a “Odisséia”, do poeta grego Homero, ainda despertam imutável interesse, pela beleza espiritual e sensibilidade épica. Também elencado entre os do gênero, bastaria ao obscuro Shakespeare de fins da Idade Média, pela cintilação do estilo e mestria da construção dramatológica, um “Hamlet” para lhe assegurar a imortalidade e o extraordinário renome, como insuperável dramaturgo, assim como a Oscar Wilde, o seu indelével “O Retrato de Dorian Gray”, um romance apátrido, mundialmente consagrado.

    Não fosse “A Divina Comédia”, uma das maiores e mais lidas peças das belas artes, sequer teria o florentino Dante Alighiere a devoção oracular do seu país natal, tanto quanto não a experimentariam os festejados franceses Honoré de Balzac e Victor Hugo, se lhes faltasse a chama das páginas imorredoiras de “A Comédia Humana” e “Os Miseráveis”. Igualmente, assim afastados da notoriedade um Goethe, sem a publicação de “Fausto” ou um Thomas Man, longe da magnitude de “A Montanha Mágica”.

    À falta do impactante e polemizado “O Processo”, por sua vez, recairia em igual esquecimento o notabilíssimo judeu-theco Franz Kafka. Cervantes, apesar de suas múltiplas narrativas, se tornara referência planetária, unicamente, com a sátira “Dom Quixote de La Mancha”, o mais editado volume gráfico da história, depois da Bíblia e, Tolstoi, ícone do povo russo, exclusivamente, pelo grandioso “Guerra e Paz”.

    No Brasil, Machado de Assis escreveu dezenas de romances e novelas, mas tão apenas com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, teria escrito o seu nome ao primado das letras pátrias. Lima Barreto, de outro flanco, ainda é lembrado, até hoje, somente pelo comovente “Triste Fim de Plicarpo Quaresma”, enquanto Euclides da Cunha deixou laudas e laudas, em diversos tomos do legado, porém nenhum lhe deu a memorável dimensão de “Os Sertões”, o mais fantástico enredo social e antropológico do idioma português.

    Portanto, sem prejuízo dos visíveis traços do talento em qualquer texto de sua autoria, é, comprovadamente, da chamada obra-prima, espetacularmente perpetuada, de onde vem a universal consagração do grande e genial escritor.


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