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  • A primazia cultural da PB

    03/09/2013

    A Paraíba sempre se destacou, mais no campo cultural e artístico que pela ceifa do seu algodão ou cana-de-açúcar, com o brilho de seus filhos egrégios e suas obras imortais, ocupando, nesse aspecto, uma comprovada e singular primazia entre todos os estados nordestinos.
    Tamanha distinção, apesar de pouco difundida e festejada, é, facilmente, aferida, pelo menos, numa comparação numérica e qualitativa de celebridades literárias, consagradas nacionalmente, desde a colonização, entre as unidades federativas da região.
    O Maranhão, por exemplo, entra no insigne páreo com Gonçalves Dias, Humberto de Campos, Artur e Aluísio de Azevedo, Catulo da Paixão Cearense, Coelho Neto, Graça Aranha e Ferreira Gullar, autores antológicos da literatura pátria. O Piauí, nenhum nome ofereceu, salvo engano, até hoje, ao cenário das letras nacionais, enquanto apenas, desse naipe, José de Alencar, Araripe Júnior, Raquel de Queiroz e Clóvis Beviláqua exibem a naturalidade cearense.
    O Rio Grande do Norte figura no cotejo com três legendas de irrecusável peso: Câmara Cascudo, Seabra Fagundes e o jornalista Gaudêncio Torquato. De Pernambuco sobressaem Joaquim Nabuco, Gilberto Freire, Manoel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Marcos Vilaça, ao passo que Alagoas ostenta, a esse nível, os notórios Graciliano Ramos, Pontes de Miranda, Jorge de Lima e Elísio de Carvalho. Sergipe, de outro lado, elenca, tão somente, Sílvio Romero, Gilberto Amado e o filósofo Tobias Barreto. Já os baianos comparecem à liça com os fulgurantes Gregório de Matos, Castro Alves, Ruy Barbosa, Jorge Amado, Pedro Calmon e João Ubaldo Ribeiro.
    A nossa “pequenina e heróica”, da eloqüente prosa alcideana, palmilha o gramado do certame, queiram ou não, com um time de luminares bem mais numeroso e respeitado em todo o país: Pedro Américo, Padre Rolim, Epitácio Pessoa, Augusto dos Anjos, José Lins do Rêgo, José Américo de Almeida, Celso Furtado, Assis Chateaubriand, Pereira da Silva, Osvaldo Trigueiro de Albuquerque, Ariano Suassuna, Órris Soares, Flósculo na Nóbrega, Paulo Pontes, Aristides Lobo, entre outros.
    Contudo, a despeito de tão gloriosa representação de nossa inteligência criadora e de recentes e meritórias ações do governo Ricardo Coutinho, com empreendimentos como a restauração da Ponte da Batalha, do Engenho Corredor e a prevista revitalização do Centro Histórico, persiste uma flagrante dívida com a conterrânea e proeminente constelação cerebral.
    É que ainda não erigiu a prefeitura da Capital o monumento referencial à Augusto dos Anjos, de corpo inteiro, sobre alto pedestal, numa
    de nossas praças principais, nem conferiu o nome de Celso Furtado ou José Lins do Rêgo a qualquer das grandes avenidas pessoenses, tampouco instalou o museu da cidade no solar da Praça da Independência, onde morou o presidente João Pessoa, doado a essa finalidade, incorrendo, portanto, num pungente desperdício do valoroso privilégio, que tanto orgulha nossa invejável paraibanidade.
     


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