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  • José Octávio e um perfil antológico de Samuel Duarte

    12/10/2015

                   Um dos mais ilustre paraibanos do Século XX, de cultura invulgar e extraordinária desenvoltura, exibidas, desde cedo, no exercício de inúmeros cargos públicos e no mandato parlamentar, Samuel Vital Duarte é analisado sob a perspectiva professoral do historiólogo José Octávio de Arruda Melo, num resgate biográfico indispensável a qualquer antologia da historiografia paraibana.

                Incluso na série “Perfis Parlamentares”, patrocinada pela Câmara de Deputados, o mais recente livro do polimático cientista social José Octávio de Arruda Melo, tal como os demais de sua exuberante e respeitável obra, refoge dos moldes comuns do memorialismo convencional, trazendo a conhecimento dos pósteros singularidades pouco enfocadas de uma personalidade da magnitude de Samuel Duarte, marcante e decisiva no cenário político e cultural do país, na segunda metade do século transacto.

                Na esteira do novo leitmotiv vem a lume a importe participação do perfilado nos arranques do jornalismo em graves momentos de transe político nacional, a exemplo do alistamento, ainda jovem, na luta pela derrocada do governo Washington Luiz culminante no advento da era Vargas.

                Nas páginas do novel e necessário compendio infere o leitor, portanto, a exata dimensão do vulto ressurgido da penumbra histórica, máxime como um paraibano “emergente” da classe média, um segmento dissecado pelo autor, com larga visão sociológica da quadra republicana resultante nas marchas e contramarchas elisivas da incipiente democracia brasileira.

                Egresso das estepes brejeiras galgou o paraibano e jurista de escol as alturas da presidência da Câmara dos Deputados, de 1944 a 1947, e posteriormente, da Ordem dos Advogados do Brasil, deixando, a marca do gestor produtivo, honrado e destemido na obra amalgamada com estrênuo interesse pelo bem coletivo, tão raro na maioria dos políticos atuais.

                Nesse período, importa frisar, o realce conferido pro Samuel Duarte à cúpula nacional do importante órgão classista, especialmente a partir de 1964 com a brava insurgência contra a nova ordem política, instalada pelo regime militar, e seus atos de arbítrio e violação aos mais elementares direitos civis da sociedade, notadamente as cassações de mandatos eletivos outorgados legalmente pelo povo, inclusive de figuras paraibanas do porte de Pedro Gondim, Ronaldo Cunha Lima, Silvio Porto, Chico Solto e Agassis de Almeida.

                Não tendo deixado, entretanto, uma obra compilada em livros, devido certamente ao temperamento retrátil e arredio de que nunca se livrou, todo o acervo do pensamento e da notável atuação parlamentar, de grande alcance sócio-político restaria enfeixado na produção jornalística, nas conferências  e admiráveis discursos parlamentares, os quais revelam um homem público diferente, modelar, extraordinariamente puro, além do seu tempo, com propostas e projetos precursores e hoje consagrados, a exemplo da legislação trabalhista e da irrigação de terras as populações campesinas carentes, tudo a corroborar o justo merecimento do apologético, oportuno e antológico ensaio.


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