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  • O paraibano fundador da nacionalidade

    05/03/2015

     Quando, no século XVII, reconquistou ao reino lusitano o domínio sobre o esbulhado território colonial, como líder heroico da sangrenta expulsão dos holandeses do Nordeste, André Vidal de Negreiros despertou o sentimento pátrio a lhe exalçar como fundador da nacionalidade brasileira.

    Tão intenso e portentoso é o seu legado em marcantes episódios de nossa história, principalmente na peleja memorável contra o domínio batavo na região nordestina que a guisa de recompensa e reconhecimento pelo denodo de seus feitos, lhe confiara o soberano português, sucessivamente, o governo do Maranhão, Pará, Pernambuco e de Angola no continente africano, onde se tornara figura mítica pelo triunfo no confronto de Ambuila e a fortificação de Luanda, capital angolana.

    Em obras indispensáveis, historiadores do quilate de Liberato Bittencourt e Adolfo Varnhagen narram a bravura e tenacidade do soldado paraibano, logo elevado a general e chefe militar, sempre exposto ao risco de morte, em batalhas encarniçadas como Casa Forte e Guararapes, no intento de restaurar a integridade dominial portuguesa de sua maior e mais rica colônia e impor o respeito da Europa à metrópole reinol.

    Filho de portugueses ricos, senhores de propriedades e engenhos nas várzeas da Paraíba poucos, no seu tempo, deixariam a mansuetude de herdeiro afortunado pelas escaramuças enfrentadas ao ímpeto de um ideal quase mirabolante, nada almejando individualmente senão a transformação social e a unidade do povo brasileiro.

    Cingido, portanto, com indelével brilho nas páginas da história, ao ressalte das incríveis façanhas, foi sua naturalidade posta em dúvida e depois atribuída ao estado de Pernambuco, cenário maior de suas lutas e galardões, uma impudência sutilmente urdida e difundida ao longo dos séculos, inclusive por notórios historiadores do vizinho estado, arrimados na escassa prova documental a tal respeito.

    Coube, todavia, ao general Lyra Tavares, ex-ministro do Exercito, na década de setenta e seu conterrâneo, restabelecer definitivamente a verdade, dirimindo a controvérsia, ao crismar como patrono do 15º Regimento de Infantaria de João Pessoa o herói Vidal de Negreiros, respaldado em cópia autêntica de um testamento lavrado, no final da vida pelo grande vulto militar, em cujo introito claramente se qualifica como paraibano. A essa prova irrefutável acolitou fotos da restauração da lápide, com a inscrição do seu nome no túmulo onde estão os restos mortais do primevo construtor dos nativos sentimentos patrióticos, encravados na

    Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, em Guararapes, no Recife, reascendendo, enfim, o invejável orgulho cívico de nossa paraibanidade.


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