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  • O filósofo e sacrossanto Monsenhor Pedro Anísio

    25/02/2015

     Tímido, introspectivo, envolto por uma humildade sem par, diante da inteligência incomum e do seu raro grau de cultura todos, no seu tempo, reconheciam no Monsenhor Pedro Anísio Dantas, o sábio e teólogo oracular, uma referência de insuperáveis virtudes eclesiais da Igreja Católica na Paraíba.

    Comumente não causa espécie a conduta sóbria e recatada de um clérigo, sincera e abnegadamente cultivada no seu ministério, inclusive fielmente submissa aos castos princípios do celibato e a intransigentes dogmas sacerdotais, mas é de pasmar a insólita existência de um espírito puro, algo cândido e angelical, alheio a qualquer interesse material, como o encarnado na figura culta e sacrossanta desse padre, tão venerado na sua época, quanto esquecido pela conterrânea posteridade.

    Surdiu o seu nome na década de vinte quando o jovem franzino e retraído de Bananeiras do nosso Brejo, possivelmente insatisfeito com a formação humanista e teológica haurida no seminário paraibano aspirou, menos por veleidade que por amor à fé cristã e ao saber acendrado, patamares mais altos, indo, a todo custo, com relevante proveito, cursar em Roma a Universidade Gregoriana, de onde, anos depois, regressaria diplomado em filosofia e dogmática.

    Com esse raro cabedal revelaria o religioso, ao longo da fecunda vida de noventa e seis anos as múltiplas facetas do talento, como um dos maiores oradores sacros de nossa terra, mas também como professor e jornalista reverberante na defesa de importantes causas de jaez educativo e religioso, lapidando todos os seus trabalhos com um vernáculo de fazer inveja a Rui Barbosa e Coelho Neto.

    Tirante essas lides, vivia recluso e ensimesmado na sua vasta biblioteca doméstica, onde produzira, incansável e meticulosamente, as grandes obras de impressionante teor filosófico e científico, felizmente divulgadas por terceiros, nos meios culturais de todo o país, como “Tratado de pedagogia” “A religião e o progresso”, “A filosofia tomista e o agnosticismo contemporâneo” entre outras, aplaudidas pelo respeitável crivo crítico de um Afonso Arinos, Silva Melo, Barbosa Lima Sobrinho e de um Otto Maria Carpeaux, como verdadeiras joias do pensamento especulativo pátrio.

    Cultor da história e artista da palavra escrita e falada desapareceram, entretanto, os fulgores desse erudito patrimônio, depois de sua morte, em 1979, esfumados pelo esquecimento, quando não eventualmente lembrados por algum memorialista do imenso paraibano em cuja casa simples, na Av. Trincheiras, hoje em devolutos escombros, sob

    sua iluminada presença adentrei, um dia, como no mais sagrado dos tempos.


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