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  • O Liceu do meu tempo

    11/02/2015

     Construído e inaugurado no governo Argemiro de Figueiredo, em meados dos anos quarenta, preserva o Liceu Paraibano, com seu prédio sobranceiro e referencial, principalmente devido aos memoráveis nomes do seu corpo docente, um destacado lugar na história do ensino na Paraíba.

    Localizado na mais larga e bela avenida da capital, a Getúlio Vargas, o vetusto educandário de arrojada arquitetura funcional, amplas salas e corredores, por décadas, desde sua instalação, educando sucessivas gerações de ilustres paraibanos, importou verdadeiro salto na então canhestra e obsoleta educação pública de nosso estado.

    Honrando o pomposo nome, inspirado no magistério do grego Aristóteles, mas, sobretudo a conceituada didática do curso de humanidades, nos primeiros e áureos tempos, brilhavam, nas respectivas cátedras, lentes do cerne de Matias Freire, Álvaro de Carvalho, Lindolfo Correia, Celestin Malzac, Sinézio Guimarães, Juvenal Coelho, Olívio Pinto, Luiz Gonzaga Buriti, Rita Miranda, entre outros vocacionados e comprometidos, cada um a seu estilo, com o devotado e magistral exercício da pura e admirável docência.

    Eram verdadeiras conferências as aulas ministradas por esses turunas do conhecimento, atraindo às classes apinhadas, além do alunado regular, eventuais assistentes e curiosos seduzidos pelo carisma professoral dos mestres, quase todos dotados de notável poder retórico e persuasivo, derramando erudição e cultura, comparáveis mesmo aos grandes scholars das universidades europeias.

    Quando em 1971 tive o privilégio de envergar sua farda no curso clássico, ao lado de colegas do valor de Francisco Gil Messias, Alcides Jansen, Isaura Souza, Fátima Evangelista e Eitel Santiago de Brito Pereira, ouvindo ainda histórias de professores como José Perez, Luizito Dias e a lendária Daura Santiago Rangel, ainda resplendia a iluminada aura de outrora.

    Foi a quadra do diretor Martinho Lisboa, de Fernando Barbosa lecionando filosofia, Francelino Soares o mais lídimo vernáculo e a talentosa Maria das Neves do Egito, na cadeira de sociologia hoje, por reconhecidos méritos, desembargadora ao nosso Tribunal de Justiça, a quem deve a minha geração idealista todo o incentivo e descortino aos movimentos culturais precursores da futura carreira jurídica. Vale memorar, pelo menos, sob seus auspícios, o badalado júri simulado do famigerado Lampião, um evento que sacudiu o contingente estudantil da época.

    Algum dia, certamente, quem sabe, todo esse dourado e nostálgico passado de gratas e imperecíveis recordações, algumas esmaecidas pelo tempo, ilustre um indispensável capítulo da histórica civilização paraibana.


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