Página inicial


  • Caminhos incertos

    02/01/2014

     Desde criança até a minha formação acadêmica sempre tive vocação para o jornalismo.  Após a minha alfabetização no Grupo Escolar Castro Pinto, em Cruz das Armas, comecei a dar os  primeiros passos no sentido de atingir meu objetivo.  Lia sempre as revistas e jornais usados que trazia da mercearia do senhor Antonio do Mercado Público Municipal,  do mesmo bairro, quando fazia as compras lá de casa.  Deliciava-me com as reportagens e os artigos escritos pelo grande jornalista David Nasser, de saudosa memória,  na revista o Cruzeiro e nos  jornais da época, como Correio da Paraíba, o Norte e outros matutinos, sem contar com as estórias  em quadrinhos, todos eles formavam um campo de informações do saber.

    Comecei participar das reuniões de vários Grêmios Literários e sempre me apresentava para redigir as atas das reuniões, coisa que ninguém gostava. No jornal, O RADAR, das Festas das Hortências, em Cruz das Armas, escrevia mensagens, piadas e  ¨fuxicos ¨que mexia com os brios da sociedade local.

    Como todo destino é incerto, terminei me formando no curso de Ciências Jurídicas e Sociais (DIREITO) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)  e sai caminhando outras trilhas, não aquelas tão almejadas na infância. Hoje, depois de emplacar setenta anos, venho tentando resgatá-las. Quem sabe?

    O meu diário contém no seu bojo algumas estórias, mensagens, reflexões, contos e versos escritos com muito romantismo. Mas, na minha memória guardo histórias inesquecíveis,  que algumas vezes , apresento nos  artigos, publicados nesta coluna.

    Passado os festejos natalinos ,  atônito esperando o ano novo que se avizinha,  queria contar aos meus leitores e amigos, neste  último artigo do ano, uma das lembranças da época, em que ainda acreditava na figura de PAPAI NOEL.

    Dentre todos os Natais da minha infância, um ficou gravado em minha memória. Éramos crianças e como tal, aguardávamos ansiosamente o dia seguinte para encontrar o que o bom velhinho havia deixado. Mamãe, querendo um pouco de sossego, dizia que se não fossemos dormir cedo Papai Noel não viria. Íamos para a cama, mesmo sem sono, na esperança do presente desejado. Meu irmão mais velho estava sempre a postos para aprontar mais uma. Ele já não tinha mais ilusão, sabia de onde viam os presentes. Acordamos logo cedo. Em cada sapato junto da cama, havia um embrulho. Àvidamente comecei  abrir o meu. Sofri  então uma grande decepção. Ao invés dos presentes encontrei meus sapatos velhos e  surrados .

    Papai ficou irado, querendo aplicar-lhe um corretivo. Escapou de apanhar porque nossa bondosa mãe interveio e deu-lhe um salvo conduto, afinal era Dia de Natal. A partir daquele dia deixei de acreditar em Papai Noel, meus sonhos natalinos se foram. Hoje, com a casa cheia de crianças, meus netos e netas e eu ainda mais precoce,  estou pensando em voltar atrás e pedir vistas ao processo e quem sabe, mudar de opinião.

     Se, nas noites mágicas do Natal, você encontrar por acaso, um velhinho barbudo entregando presentes, trazendo muita Paz, Felicidade e Amor para toda a humanidade, não tenha dúvida, aquele cara sou eu.

    JOSE NEURION GOMES

    Email: joseneurion@hotmail.com


    Voltar