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  • Não há milagres

    10/10/2013

    Desta vez a vítima fui eu. Havia marcado uma consulta médica com o cardiologista para mostrar-lhe o “Mapeamento da Pressão”. Este exame sinaliza o comportamento da pressão arterial e é indispensável para o tratamento dos cardíacos como eu. A consulta estava marcada para 16h00min desta segunda feira próxima passada. Saí de casa com bastante antecedência, 30 minutos antes da hora aprazada, levando em conta o trânsito caótico da capital. Como era de se esperar peguei um engarrafamento brabo, num cruzamento da Avenida Epitácio Pessoa. Uma das maravilhas do trânsito da capital, um coletivo em frangalhos, sucateado e sem freios de uma destas empresas que fazem as linhas urbanas, chocou-se com um carro que teimava em medir forças com o monstrengo. Foi uma tragédia. Graças a Deus não houve vítimas, só aborrecimento e contrariedade. Os passageiros estavam  nervosos. Algumas mulheres choravam e as crianças procuravam o abraço materno em busca de segurança. Nesse momento minha pressão devia estar às alturas pelos sintomas que sentia. Já se passava 50 minutos de espera e sem soluções. O dono do carro dizia em bom tom que a culpa era do motorista do ônibus que não respeitou o seu sinal de entrar à direita. Finalmente cheguei ao consultório médico, com uma hora de atraso, utilizei a cota da maioridade e fui atendido. Segundo o médico minha pressão estava altíssima, medindo 20/12. Devido às contrariedades que havia sofrido eu poderia ter sofrido um AVC isquêmico, de grandes proporções, até mesmo fatal. Os casos corriqueiros como as discussões no trânsito entre os próprios loucos do volante podem levar até a morte.

    DOS COLETIVOS

    Segundo a Empresa de Transporte Coletivo da capital, a frota de ônibus tem uma vida útil de 10 anos quando são substituídos por novos. O tempo de uso seria razoável se houvesse uma manutenção efetiva pelas empresas. Por outro lado os empresários são vítimas de uma população desordeira. Nas manifestações de rua os primeiros a serem atingidos são os transportes coletivos. Quebram vidros, tocam fogo, atiram pedras, etc... Mesmo fora das reivindicações, no dia a dia, nos deparamos com cadeiras riscadas, acolchoados cortados e rasgados, uma verdadeira baderna. Outro problema que não podemos esquecer é a má conservação de nossas ruas e avenidas, em virtude do caos que impera na infraestrutura de toda região metropolitana onde o asfalto encontra-se danificado, cheio de buracos, quase intransitável. A coisa fica feia na época das chuvas com bueiros entupidos e “boca de lobo” aberta sem nenhuma sinalização fazem dos motoristas sobreviventes, verdadeiros heróis.

    DA PREOCUPAÇÃO

    Segundo o Ministério da Saúde o Brasil vive uma epidemia de lesões e mortes no trânsito. Os dados revelam que em 2010, 40.000 foram vítimas fatais sendo que 25% delas, por ocorrências envolvendo motociclistas. Por outro lado a Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que o Brasil ocupa o 5º lugar, com essas ocorrências ficando atrás apenas da China, Índia, EUA e Rússia.

    Até quando, nós contribuintes que pagamos impostos, vamos esperar de nossos gestores soluções no sentido de resolver o maluco trânsito do nosso país. A problemática da mortandade no transito transfunde a questão da embriaguez ao volante. Estamos precisando de normas mais severas. A Lei Seca foi um avanço, mas está faltando programas educacionais que atinja os motoristas e os pedestres, o elo desse projeto. Estamos com pressa porque o trânsito está pedindo socorro. Não se sabe o que é transito até experimentar o de João Pessoa. Em se falando em catástrofe nossa cidade não fica a desejar em relação das grandes metrópoles brasileiras. Basta aparecer um engarrafamento que logo vai ter gente cortando pelo lado contrário, passando por cima de calçadas, fazendo conversões e peripécias malucas. Como se vê o problema é cultural. Não há milagres!  


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