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  • Reminiscências

    03/09/2013

    Alguns amigos de infância foram, como eu, alfabetizados em escolas públicas localizadas no Bairro de Cruz das Armas, a exemplo do Grupo Castro Pinto e a Escola Frei Martinho, em João Pessoa. Anos mais tarde vários deles pegaram suas malas e foram tentar a vida no Estado de São Paulo. Naquela época era comum a pessoa buscar o sudeste na esperança de realizar seus sonhos. Os corajosos como eu e outros amigos ficamos esperando que a felicidade, tão logo batesse em nossas portas. Com muita fé e determinação, ficamos sim, mas apostando em nossos pais, os bravos guerreiros, meu pai Pedro Gomes de Lima e seu Antônio Barbeiro, mas conhecido como Cabo Antônio, pai do Nilton. O Cabo Antônio montou uma barbearia e meu pai uma modesta alfaiataria “Gomes Alfaiate” e foram batalhar para realizar seus sonhos assegurar o pão de cada dia, ao lado de suas famílias.

     

    DA CRISE INESPERADA


    De minha infância até a adolescência muita coisa mudou. O meu pai viu perplexo a chegada da indústria de confecções, as famosas “prêt à porte”, termo importado do francês, pronto para uso. As lojas de grande porte como as Casas Pernambucanas, o Armazém do Norte e outras exibiam os lançamentos vindos do Sul. Os clientes saiam em debandada para os grandes magazines em busca das roupas de entrega imediata. Foi ai que papai quase pediu concordata. A modernidade também abateu o Cabo Antonio. Os anos 60 e 70 trouxeram no seu bojo muitas inovações. A onda dos cabelos compridos, vindo da Europa com os Beatles e com os Hippies, oriundo dos Estados Unidos da América (EUA), os jovens mudaram seus hábitos, com roupas extravagantes e os seus cabelos grandes e encaracolados. Mas na verdade era o modismo que chegava pra ficar. Aqui no Brasil tivemos um movimento da Jovem Guarda tendo como seu expoente máximo o cantor Roberto Carlos, que lançou a moda dos cabelos compridos. Cabo Antônio melancólico assistia de camarote o apurado da barbearia desabar vertiginosamente. A crise foi “braba”. Lembranças que não me deixa saudoso.


    A ESPERA PELO DIA DE AMANHÃ


    Atingidos, indiretamente pela crise, enfrentamos os estudos como uma saída para um amanhã mais estável. Assim são os amigos verdadeiros: o tempo não consegue desatar o laço de amizade. Não importa por quantos anos estejamos afastados, o reencontro é sempre prazeroso. Aquela amizade sincera da juventude é capaz de ultrapassar a barreira dos muitos dias sem noticias. Lembranças indeléveis me remota aqueles tempos difíceis, porem de muitos companheirismos e lealdade.


    UMA GRATA SURPRESA


    Sem esperar fui atender a uma chamada interestadual. Para minha surpresa era o Marcos, um dos retirantes da minha época. Lembro-me como se fosse hoje, há 40 anos a sua partida na Rodoviária Velha, com destino São Paulo, seu semblante, nos traduzia plenamente só alegria e esperança. Conseguir vitorias era o seu forte, mas o campo, nesse caso, era neutro e não aquele que costumavas disputar no Estádio Leonardo da Silveira, conhecido Campo das Graças, comigo e outros colegas da época. Disse-me ao telefone que havia me encontrado no FACEBOOK, e que teria lido varias mensagens e artigos meus. Um deles chamara sua atenção, um assunto na área fiscal que talvez fosse precisar dos meus préstimos. Aduziu que havia realizado parte dos seus sonhos e hoje comanda duas fábricas de Auto Peças, no grande parque industrial do ABC paulista. Como todo bom nordestino está pensando em negociá-las e voltar para a Paraíba e montar uma nova fábrica de Auto Peças aqui no Distrito Industrial, daí o seu interesse de conseguir, do Governo Estadual, algum tipo de Incentivo Fiscal. Ficamos de entrar em contato para discutirmos essa nova aventura.


    Jose Neurion Gomes
    Contato: joseneurion@hotmail.com.
     


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