Página inicial


  • Enfim, as águas

    16/03/2017

    Ao longo dos anos que venho escrevendo, várias vezes enfatizei aimportância da transposição do Rio São Francisco, sempre favorável à construção da obra. Em alguns de meus textos  alertava  as autoridades competentes sobre o problema da seca que há muito tempo vem assolando o nosso Estado.

    Chamava     atenção dos políticos para dar sequencia a este projeto, que segundo nosso imperador, Dom Pedro ll, o idealizador da obra, “seria a redenção para matar a sede de nossos sertanejos”.

    A época,  nosso soberano aventou a possibilidade de vender a última joia da coroa, se fosse preciso, para debelar a sede de nossos sofridos irmãos nordestinos. 

    A ideia não foi à frente devido os parcos recursos tecnológicos da engenharia naquele momento, para realizar uma obra de tão  grande porte. 
    Não quero considerar-me um retirante sertanejo que foi desaguar em outras praias do sul para sobreviver.

    Quero exaltar a bravura e a coragem do meu saudoso pai, Pedro Gomes de Lima que por questão também de sobrevivência e pensando na criação e educação de sete filhos menores, saiu da cidade de Cajazeiras para aportar aqui em Joao Pessoas, fugindo da seca.

    Se hoje fosse vivo estaria comemorando duas grandes vitorias históricas: a educação dos seus sete filhos, que lhe deram uma resposta positiva á altura do seu esforço para com eles  e  o sonho da realização da transposição das águas do Velho Chico.

    Enfim, após 11 anos de trabalho, as comportas da Estação de Controle foram abertas e as águas  do Rio São Francisco corre na mansidão já no solo paraibano. Começou na cidade de Monteiro e segue seu curso enchendo redes pluviais o longo caminho até Boqueirão que é responsável pelo abastecimento de Campina Grande e várias cidades do compartimento da Borborema, Agreste, Cariri e Curimatá. As primeiras águas estão previstas para chegar dentro de 20 dias.

    Inaugurada nesta sexta feira passada em tom festivo pelo Presidente Temer é considerada a maior obra hídrica no nordeste após a conclusão do Eixo Norte, sem data marcada para sua inauguração. É um trecho muito esperado pelo alto sertão paraibano. As águas no seu curso,  passarão por várias cidades da Paraíba, inclusive em Cajazeiras, minha terra natal.

    UM SOFRIMENTO SECULAR.

    Com a obra conclusa, podemos assegurar que a dor  do nordestino terá um grande alivio em muitas regiões em relação à água de beber. Se igualiza, portanto com a felicidade que ele sente quando chega a chuva mandada pelo criador. O Sofrimento do nordestino já foi contado por muitos em versos e prosas.  Nenhum deles tratou com tanta propriedade como Gonzagão na sua obra prima “Asa Branca”.

    PONTO FINAL

    Finalizo este artigo citando alguns versos desta relíquia, obra consagrada que prova quanto o sertanejo é forte, astuto, corajoso, idealizador e esperançoso, cabendo a ele o troféu da transposição como um grande Herói Nacional. Segue alguns itens de

    Asa Branca que me emocionam:

    “ Que braseiro que fornalha,
     Nem um pé de plantação.
    Por falta d’água, perdi meu gado,
     Morreu de sede meu alazão.
     Até mesmo a asa branca
     Bateu asas do sertão.
     Espero a chuva cair de novo
    Pra mim voltar pro meu sertão”.

    Caro leitor, este é meu grande sonho, um dia poder voltar à minha terra natal e ver tudo florescendo, diferente de como deixei.
     
    JOSE NEURION GOMES - AUDITOR FISCAL APOSENTADO-PB
    Contatos: joseneuriongomes  @outlook.com

     


    Voltar