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  • Pedaladas da vida

    01/08/2015

     Quando ouvi pela primeira vez a expressão “Pedalada Fiscal” remontei aos áureos tempos de minha infância e juventude bem vividas no bairro de Cruz das Armas, de inesquecíveis lembranças. Recordo-me das primeiras pedaladas e caídas sofridas com bicicletas, tentando aprender a manuseá-las para ser pelo menos bom ciclista. Lá no bairro havia algumas oficinas de bicicletas que as alugava para as pessoas que não tinha condições de possui-la. Até então eu era um bom frequentador da oficina, porém um dia levei uma grande queda e cheguei em casa todo ensanguentado. Preocupada que acontecesse uma coisa mais séria, minha mãe, dona Francisquinha, puxou os freios. Só saia de casa para pedalar as escondidas dela. Tantas travessuras!

    Foi lá onde plantei as sementes que ainda afloram frutos e que traduzem a trajetória de vida que Deus me reservou.

    Aprendi as primeiras letras no Grupo Escolar Castro Pinto, onde fui alfabetizado. Depois, como a escola não oferecia o Ginasial, hoje segunda fase do primeiro grau, continuei os estudos no Ginásio Solon de Lucena, no bairro de Jaguaribe, distante   da nossa residência. O transporte público naquela época era precário e escasso. Contávamos apenas com o bonde elétrico, as famosas marinetes e os carros de praça. Quando não a população andava muito a pé. Era tranquilo, não existiam os perigos dos dias de hoje.  Foi então que expressei para os meus pais o sonho de possuir uma bicicleta, mesmo sabendo que a situação financeira deles não permitia aquela despesa.

    Sei que fui exigente demais.  Estava precisando de um transporte. Queria acabar com o sofrimento de ir todos os dias a pé para o colégio. O ensino era muito rigoroso e exigia muito esforço do aluno e eu gostava muito de estudar.  Muitas vezes mamãe me acordava nas madrugadas em que exaurido pelo cansaço havia adormecido debruçado nos livros.  E teria que acordar cedo no outro dia para chegar a tempo na escola.

    Meu pai “seu Pedro” tinha uma alfaiataria no bairro, a “GOMES ALFAIATE” e mamãe, também muito habilidosa, costurava para as madames do bairro, e os dois juntos sustentavam e educavam seus sete filhos. Um dia a sorte bateu a minha porta. Papai era muito amigo do gerente ou vendedor, não lembro bem, da loja de eletro e artigos domésticos “A EXPOSIÇÃO”, com duas filiais aqui em Joao Pessoa. Papai fazia serviços para ele e mamãe para sua esposa e família. Assim a minha pretensão ficou mais fácil. Houve a transação entre eles e a compra foi realizada com uma entrada e o resto em parcelas. Até que em fim, meu sonho foi concretizado. Ganhei uma bicicleta nova marca “Monarq”, que usava para ir ao colégio, fazer as compras de casa, entregava os serviços realizados na alfaiataria por meus pais e nas horas de folga dava os meus passeios.

    Vislumbro agora que minhas sementes ali plantadas estão fluindo com mais intensidade doravante nesta minha longa caminhada pela vida.

    Em 1963 fiz concurso para Agente Fiscal do Estado, hoje sou Auditor Fiscal Aposentado. Em 1974 conclui o curso de Ciências Jurídicas e Sociais pela UFPB, fiz Curso de Pós Graduação na Área Tributaria em Brasília no ano de 1975. Casado pai de três filhos tenho quatro maravilhas do mundo, meus netos.

    Para preencher este espaço vazio da minha aposentadoria e exercitar o cérebro em decorrência da minha saúde e idade, venho escrevendo esses parcos artigos para deleite, ou não dos meus queridos leitores.

     

    FINAL

     

    Todas as minhas atitudes e pedaladas da vida foram realizadas amparadas pelo principio da honestidade, diferente destas que o governo vem realizando com o erário publico, causando um imbróglio infernal a ponto de acontecer um entrave desastroso em nossas instituições democráticas.

     

    Contatos: joseneuriongomes@outlook.com


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