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Confaz, o fim da unanimidade
28/11/2014
Como a reforma tributária está tramitando, há muito tempo no Congresso Nacional em regime de banho Maria, o Senado Federal procura agora alterar, através de legislação infraconstitucional, um dos itens da reforma: A guerra fiscal entre os Estados brasileiros.
Assim, preocupados com os benefícios fiscais irregularmente concedidos unilateralmente por diversos Estados da federação, o Senado Federal pretende retirar a exigência da unanimidade dos Estados representados no CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária para facilitar a aprovação desses benefícios.
Para tanto, os senhores senadores estão fazendo o debate dos projetos que visam amenizar as exigências contidas na Lei Complementar nº24/75, que dispõe sobre concessão de benefícios fiscais na área do ICMS, para por fim na unanimidade das votações do CONFAZ.
Os projetos em estudo sugerem que as decisões para concessão e revogação de convênios sejam tomadas doravante por quatro quintos do colegiado. Segundo o Senador Flecha Ribeiro (PSDB), a ditadura da minoria impede que especialmente os estados menos desenvolvidos sejam beneficiados com os benefícios fiscais, e aduz que basta apenas um Estado não concordar e nada será concretizado.
Para muitos a exigência de unanimidade para aprovar e/ou ratificar convênios no CONFAZ está impedindo a reformulação e execução de políticas fiscais pelos Estados. Pois, é impossível ter regras uniformes que atendam todas as Unidades Federadas, vez que o Brasil e um país heterogêneo.
A matéria em análise foi aprovada na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e será encaminhada para Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Após aprovação na CAE e projeto vai para o Plenário do Senado Federal. Depois da aprovação no Senado, o projeto deve seguir para a Câmara Federal.
Em que pese todas essas discussões, a matéria continua recebendo muita critica. Segundo o Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, que é contrario ao fim da unanimidade, o mesmo alega que a proposta é extemporânea, além de perigosa, pois pode tornar legais os benefícios concedidos na ilegalidade.
O Secretário lembrou ainda que quase todos esses benefícios estão “sub judice” e criticou a comissão por ter aprovado o projeto, pois existe uma comissão de notáveis responsáveis pela discussão de temas federativos, entre eles a guerra fiscal. E finaliza, afirmando que a aprovação é mais política do que real.
CONCLUSÃO
Do que se depreende nos fatos aqui narrados, chega-se à conclusão de que o fim da unanimidade nas votações no CONFAZ, para concessão de benefícios fiscais, dificilmente será aprovada por absoluta falta de consenso entre os estados.
Observando a posição adotada pelo poderoso Estado de São Paulo, percebe-se que essa guerra fiscal que se arrasta há décadas deu apenas mais um passo. O seu final só o tempo dirá.
JOSE NEURION GOMES
neuriongomes@outlook.com - jneuriongmail .com
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