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  • 04.06.2020 - 06:16

    Médicos brasileiros defendem tratamento precoce de pacientes com coronavírus


    Um grupo formado por 43 médicos de diferentes especialidades elaborou o Protocolo Brasileiro de terapia pré-hospitalar da covid-19. O documento tem como objetivo fornecer orientação terapêutica aos médicos para evitar ou minimizar a hospitalização de pacientes contaminados pelo coronavírus.

    Na contramão dos estudos internacionais que só orientam os profissionais a cuidar de pacientes em estado grave, o protocolo brasileiro “apoia a atenção ao tratamento pré-hospitalar como forma de atacar a doença nas suas fases iniciais, evitando a progressão para as formas graves que demandam leitos em hospitais e em unidades de terapia intensiva, o que pode levar ao colapso dos sistemas de saúde público e privado”.

    O documento foi disponibilizado publicamente e pode ser acessado por meio do link: https://bit.ly/2B9WhMH

    A médica Cristiana Altino de Almeida foi uma das coordenadoras do projeto. A seguir, as principais considerações da profissional a respeito da iniciativa:

    1 – A covid-19 não é uma pneumonia viral nos moldes das pneumonias causadas por influenza ou por H1N1, que matam um número quase equivalente de pessoas todos os anos, em todos os países, mas em ritmo lento, o que não satura os serviços de saúde.

    2 – A covid-19 é uma doença complexa que primeiro apresenta uma fase viral em que o vírus se replica e invade as células do corpo. Nessa fase, deve-se atacar a doença impedindo a replicação viral e sua ação nociva e sistêmica.

    3 – Em seguida, verifica-se uma resposta inflamatória crescente fazendo a doença evoluir para diversas formas, desde as chamadas “pneumonias” até sintomas digestivos como diarreia, perda de olfato e de paladar, lesões graves cardiovasculares, encefalites, tromboses, distúrbios de coagulação. Nessa fase inflamatória inicial, ainda há replicação ou multiplicação viral e, portanto, drogas antivirais podem funcionar associadas a anticoagulantes e a doses altas de corticosteroides. Nesse estágio aparecem tosse seca, falta de ar, cansaço extremo, hipóxia medida pelo oxímetro digital.

    4 – A fase seguinte é de hiperinflamação e outros problemas graves, como sepse, choque, falência múltipla de órgãos. Nesse estágio, os tratamentos são hospitalares e de terapia intensiva.

    5 – Muitos países usam protocolos baseados em hidroxicloroquina, azitromicina (antibiótico que potencializa o efeito da primeira) e zinco, que ajuda no combate à multiplicação viral. A medicação ivermectina também é utilizada e constitui a base de protocolos em alguns países.

    6 – Os países que adotaram o tratamento precoce mostram letalidade abaixo de 1%. É só ver os números da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes, da Argélia, do Marrocos, da Rússia, de Marselha na França, de New Brunswick no Canadá, de Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais, da cidade de Floriano no Maranhão, dos hospitais e planos de saúde que elegeram o protocolo de tratamento pré-hospitalar como a operadora de saúde Prevent Senior em São Paulo, a rede Hapvida e vários hospitais da rede Unimed.

    7 – A hidroxicloroquina é usada há mais de 70 anos para o tratamento da malária e atualmente sem riscos importantes para pacientes crônicos de todas as idades que combatem com a medicação doenças como lúpus e artrite reumatoide. Todo médico generalista ou reumatologista sabe ministrar essa droga de forma eficiente e sem efeitos colaterais importantes. Há risco? Todos os medicamentos apresentam riscos e contraindicações em sua descrição farmacológica, que pode ser lida na bula.

    A hidroxicloroquina e cloroquina são usadas há mais de 70 anos para o tratamento da malária | Foto: Divulgação/Flickr

    8 – A hidroxicloroquina, junto com os medicamentos que potencializam seu efeito, só pode ser utilizada e só pode ser eficaz enquanto há replicação viral.

    9 – A revista The Lancet virou um panfleto político, ao publicar um trabalho de grande repercussão mundial mostrando que a hidroxicloroquina não funciona. Em que pacientes? Os mais graves, nas fases inflamatórias com hipóxia ou nas fases de hiperinflamação. Inclusive em pacientes com problemas cardíacos, para os quais formalmente se contraindica o uso desse medicamento. O que esperavam do remédio nessas fases? Não dá para entender como médicos conceituados assinam um artigo desses, que está sendo jogado aos quatro ventos como uma das publicações definitivas contra a hidroxicloroquina.

    Mais: “Cientistas questionam em carta aberta o estudo sobre cloroquina da Lancet”

    10 – Quais os interesses em jogar a favor do vírus com esse academicismo quase fanático e com essa hipocrisia de confinamento sem distanciamento social adequado, sem medidas de proteção ao paciente sabidamente infectado, que é mandado para casa com receita de paracetamol?

    11 – Não é possível entender os interesses em condenar a hidroxicloroquina como a droga mais perigosa da medicina ou em condenar à morte milhares de pessoas que não sabem mais do que ter medo. Medo de ficar em casa. Medo de ir aos hospitais e terminar numa unidade de terapia intensiva esperando a entubação feita em vários municípios por pessoas inexperientes e médicos convocados para a linha de frente sem o treinamento adequado. Medo de tomar hidroxicloroquina, depois de tanta divulgação de seus efeitos colaterais possíveis mas não frequentes, um medicamento que antes tomariam da maneira como tomam paracetamol?

    12 – O Medicare [programa de seguro de saúde do governo norte-americano] paga três vezes mais aos hospitais por um paciente contaminado pela covid-19 do que por um paciente internado na mesma condição por outra doença.

    13 – O tratamento com hidroxicloroquina, azitromicina e zinco é muito barato e não há patente válida para a droga.

    14 – Outros tratamentos são muito caros. O remdesivir, a única droga discutida no relatório do Ministério da Saúde à época do ministro Luiz Henrique Mandetta, custa 900 dólares por comprimido e não se comprovou sua eficácia em nenhum trabalho científico.

    15 – Estamos em guerra contra uma pandemia. Milhares de pessoas estão morrendo pela covid-19, morrendo por outras doenças não atendidas neste momento na maioria dos hospitais, sofrendo pelo confinamento e suas consequências. Temos evidências baseadas em experiência clínica de diversos grupos dos excelentes resultados desse tratamento pré-hospitalar. Não é suficiente para tentar salvar a vida de seres humanos e não deixar morrer pessoas jogadas cruelmente em filas de espera por um leito hospitalar? 

    Paula Leal / https://revistaoeste.com