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  • 14.09.2023 - 06:17

    Discurso pobre e misógino de Veneziano acusando Daniella e a reação contra o jornalista


    Marcos Marinho

    Com um discurso extremamente misógino e deselegante, fugindo inteiramente ao seu feitio, o senador vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (MDB), aproveitou-se de entrevista na TV Arapuan, em João Pessoa, ontem (11), para açoitar impiedosamente a sua colega de Parlamento e conterrânea de Campina Grande, Daniella Ribeiro (PSD), acusando-a de usar os corredores do Congresso Nacional, em Brasília, apenas “para desfilar”.

    – “Não uso os corredores do Senado para desfilar”, alteou a voz quando Luiz Torres, que o entrevistava, reportou-se a críticas que teriam sido feitas pela senadora sobre a participação dele – considerada fraca – para viabilizar as obras de triplicação da BR 230, no trecho Cabedelo-João Pessoa, que se arrastam lentamente há anos.

    Veneziano afirmou que não tem tempo a perder com miudezas, apontando ainda que os comentários de Daniella são fruto de um comportamento que nada constrói em favor da Paraíba. Lembrou sua articulação para levar recursos à obra da BR-230, que também teria tido participação decisiva dos então senadores Vitalzinho e Nilda Gondim.

    – “Se não há por parte dela o que mostrar, por ineficiência e incontidos rasgos de outros sentimentos, e se a incomoda o fato de eu apresentar o meu trabalho, nada posso fazer. Tenho um compromisso com a Paraíba e não uso os corredores do Senado como passarela para desfile”, repetiu o senador dando a entender que Daniella é preguiçosa e ineficiente enquanto representante do Estado na alta Casa do Congresso Nacional.

    A RESPOSTA DE DANIELLA 

    Mas hoje, de forma pontual e elegante, Daniella aproveitou o lançamento do novo PAC na Paraíba, solenidade que também contou com a presença de Veneziano, e não deixou a misoginia do colega sem resposta.

    Daniella é presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso e é a única mulher a integrar a bancada federal paraibana.

    Ela destacou que, apesar de serem opositores em Campina Grande, base política de ambos, que se unam pela Paraíba.

    – “Quero cumprimentar o meu colega senador Veneziano Vital do Rêgo, que no Senado Federal mesmo sendo oposição [no Estado] como somos de forma muito clara, tenhamos o respeito necessário. Trabalharmos pela Paraíba, cada um ao seu modo, mas acima de tudo sem jogar baixo. Eu tenho que usar essa palavra aqui porque muitas vezes é lamentável ver as coisas acontecerem dessa forma”, disse olhando para Veneziano.

    E foi mais além:

    – “Acho que essa não é a boa política. Campanha é campanha, período eleitoral é período eleitoral. Mas esse momento ele passa e trabalhar pelo Estado é aquilo que se diz que é a boa política e efetivamente é”.

    A verdade que fica desse embate entre os dois campinenses senadores é de que Veneziano se saiu realmente muito mal na fita, com um discurso além de tudo mixuruca e pobre, milhares de vezes destoantes inclusive das orações extraordinariamente brilhantes do seu saudoso pai Antonio Vital do Rego, um dos políticos que melhor representou a Paraíba no plano federal.

    Em João Pessoa, onde empobreceu o seu discurso, Veneziano recebeu imediato repúdio de várias mulheres, uma delas com veemência feito pela jornalista Sony Lacerda, que tem um bem acessado blog de notícias na internet e onde reverberou sua ojeriza pelas palavras do filho de Nilda Gondim:

    – “Veneziano segue o mesmo discurso misógino adotado pelo prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, hoje aliado do emedebista e adversário de Daniella, de tentar desclassificar a mulher. Discurso perigoso na política”, disse ela.

    JUÍZO AOS DOIS !!!

    Dileto amigo de Veneziano ontem me censurou por conta de matéria neste portal, onde abordamos a escorregada do senador no ataque desferido contra a sua colega Daniella Ribeiro.

    A raiva do “parsa” eu posso perfeitamente entender, mas não posso deixar de compreender que tudo na vida tem seus limites. O parceiro de Vené está no seu papel, remunerado - e muito bem - pelo que faz. Portanto, nada a censurar, de minha parte.

    O que faço questão de agora exprimir neste espaço que leva a minha assinatura, diferentemente dos textos escritos pela Redação, é que o ainda imaturo filhinho de Dona Nilda escorregou feio na casca de banana que lhe jogou nos pés o aguerrido Luiz Torres, valoroso jornalista amigo que chefiava a área de Comunicação do Governo da Paraíba anos atrás com esmerada competência e razoável senso de oportunismo.

    Torres é ‘macaco velho’ na arte de arrancar histórias, estórias e/ou confidencias dos interlocutores, que caem nas suas ‘armadilhas’ feito crianças correndo atrás de guloseimas...

    E foi exatamente isso o que aconteceu nos estudios da TV Arapuan, com Veneziano virando pato na armação do estimado “indio” da nossa mídia tupiniquim.

    Mas há um detalhe obrigatoriamente a ser registrado: Veneziano não é mais um qualquer, na vida pessoal e muito menos na vida pública.

    No Planalto Central já frequenta o alto clero das duas casas congressuais e consegue entrar na intimidade do Palácio da Presidência da República pela porta dos fundos, toma cafezinho na cozinha e senta ao lado do rei sem precisar de agenda e sem a menor dificuldade...

    Erra por andar acompanhado de uma leva de moleques, cujos aconselhamentos tem acolhido de modo plenamente desnecessário, sem que se dê conta do abissal tamanho do corpo político que carrega depois que botou na lapela o broche de Senador da República.

    Veneziano é Vice-presidente do Senado, condição que o coloca como homem na linha da sucessão presidencial da República, o que significa dizer que por alguma eventual oportunidade poderá vir a se tornar Presidente da República, a qualquer  momento.

    E isso não é pouco, nem para muitos!

    Por isso, o que cabe censura, sim, é o fato de um cidadão da estatura política de Veneziano Vital do Rego deixar-se apanhar em tamanha arapuca e, de repente, virar um pequeno como nós outros da província.

    O entrevero entre Vené e Daniella foi lastimável, sob todos os aspectos. Uma briga infantil de dois rebentos de oligarquias, filhinhos de papais, e que a ambos chamuscou, agravando o quadro p‘ras bandas do Vice-Presidente do Senado por ter acusado em tom misógino a colega e conterrânea de ser ineficiente e estar usando o mandato para “desfilar” sua beleza nas passarelas do Senado.

    Como dizia o saudoso Zé Arlindo, ao tempo em que presidia a Associação Comercial de Campina Grande, em briga de elefantes, só quem sai perdendo é a grama.

    E a grama, nesse caso infeliz, somos nós, os paraibanos.

     

    Por isso, o que eu só posso pedir aos dois é que tenham pelo menos um pinguinho de juízo doravante.

    *Fonte; apalavraonline