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Notícia > Política

  • 02.04.2019 - 08:26

    Analista político identifica Eminência Parda na gestão de João Azevedo


    Um texto publicado pelo analista politico Flávio Lúcio, um dos mais lúcidos do momento, revela um detalhe importante no cenário da política paraibana que tem passado despercebido à argúcia de muita gente dedicada ao tema: um discreto gesto de independência do governador João Azevedo em relação ao seu padrinho político Ricardo Coutinho publicado no Diário Oficial da última sexta-feira (29), em forma de Medida Provisória (280), que alterou algumas alíneas do FUNCEP, descaracterizando o objetivo do fundo criado por Ricardo para combater a pobreza no estado.

     

    Independente dos reflexos econômicos que a medida deve produzir já que as alíneas alteradas penalizam os mais pobres, desvirtuando o que pretendia Ricardo, que era taxar os mais ricos; ela traz no seu bojo o vírus da intromissão de terceiros estrategicamente bem situados dentro do Governo e que estariam orientando homeopaticamente João seguir uma senda de mais voluntariedade política levando o “imberbe” governador, como ressaltou Flávio Lúcio, a manifestar-se sem consultar o tutor.

     

    Economicamente falando a medida deve ser fruto do momento conturbado do Governo obrigado ceder os anéis para preservar os dedos e tendo que aplacar a gula insaciável dos capitães da indústria ao preservar seus privilégios tributários, que foram castrados por Ricardo, e eles possam comprar novamente seus iates, aviões e motos possantes sem pagar os tributos que o ex-governador lhes impôs.

     

    Mas do ponto de vista político, o texto levanta uma ponta do véu que encobre o Governo de João deixando entrever pelo cortinado diáfano a presença sempre discreta do que ele considera verdadeiras eminências pardas a influírem nas decisões do imberbe governador aparentemente sugerindo caminhos opostos ao do mandatário maior do projeto de perpetuação do socialismo paraibano.

     

    A edição da MP da ultima sexta seria o embrião do que pode ser gerado nas entranhas do Governo dando vida a uma gestão sem o garrote de sua maior liderança partindo para uma viagem onde apenas um timoneiro ditaria o rumo a ser seguido sem interferências externas que possam colar em João a imagem de um gerentão de armazém.

     

    O analista expõe também, mesmo de forma embuçada, que a estrutura do Governo atual tem dois organismos políticos que, apesar de se encaixarem perfeitamente, não são monolíticos: se um PSB pujante, revigorado pela vitória acachapante nas urnas, controla os membros do Governo e o faz andar, ficou para o PPS, a cabeça do leviatã socialista, de onde mentes brilhantes e capazes podem acionar os comandos da máquina governamental como insinua Flávio Lúcio ao atribuir a Nonato Bandeira a inspiração para a amputação das alíneas que favoreciam os pobres. 

     

    A presença quase invisível de Nonato até agora no Governo, não reflete a sua importância nem dimensiona o grau de ingerência que sua pasta exerce no dia a dia da administração estadual. 

     

    Por ele passam todas as solicitações e retornam todas as decisões, agindo como um filtro de muitos interesses, função que revela toda extensão do seu prestígio junto ao governador, que foi demovê-lo de uma decisão quase irredutível de se afastar do serviço público para cuidar da vida pessoal desgostoso com a deslealdade que pauta muita gente na política.

     

    Nonato é visto como modelo do feiticeiro político, capaz de dar vida a seres amorfos e do seu caldeirão já saíram criaturas como o próprio Ricardo Coutinho e outros como os dois Lucianos, Agra e Cartaxo.

     

    Quem sabe, não esteja a misturar novas ervas, com sementes de girassol, para produzir mais uma criatura política. (Jampanews)