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Notícia > Política

  • 11.05.2019 - 09:07

    G10 na AL nem é carne nem peixe, mas pode ser osso atravessado na garganta do Governo


    Pode-se medir a falta de coordenação politica do Governo pela existência do denominado G10, um agrupamento de deputados que logo cedo mostrou que não seria fácil a relação política com o Palácio da Redenção. 

     

    Mesmo reiterando vestir a camisa do Governo, esse grupo já demonstrou que não vai se curvar a imposições e que adotou uma linha de ação independente inclusive contrariando interesses do governador quando esses se confrontam com os do grupo de deputados que decidiu a eleição do presidente da Casa impondo a primeira e grande derrota política de João Azevedo.

     

    O grupo já mostrou força e determinação tornando-se uma bancada que nem é peixe nem é carne e que pode se transmudar para um osso capaz de engasgar o Executivo caso um trabalho de pacificação não seja adotado em caráter de urgência para conter os ânimos e contornar as divergências a cada dia maiores e se tornando intransponíveis.

     

    As queixas na maioria estão relacionadas à falta de diálogo, e o confronto com o pessoal da cozinha do ex-governador Ricardo Coutinho tem aumentado na proporção que o G10 se define como um adversário plantado dentro do território socialista e cuja atuação pode e deve minar cada vez mais a tão questionada trajetória de um Governador cujo patrimônio eleitoral foi emprestado devendo-se a todos menos a ele a vitória espetacular em primeiro turno.

     

    Essa escassez eleitoral de quem ganhou com um milhão de votos alheios cedo ou tarde criaria obstáculos, desconforto e transtornos como o que se vislumbra na criação e organização do grupo de deputados que quer e exige respeito à contribuição eleitoral que foi dada para êxito de um neófito nunca antes experimentado nas urnas, mas que agora detém o bastão do comando e comporta-se como se não devesse explicações a esse condomínio eleitoral.

     

    Para alargar o fosso de insatisfações, não há da parte do Governo nem um gesto de entendimento e a distância tende aumentar a se levar em conta a contemplação da bancada diante do bombardeio diário de uma pequena e aguerrida oposição a atuar nesse vácuo que a desorganização política do Governo tem gerado.

     

    Mesmo cercado por reputados articuladores, verdadeiros magos da consultoria, criadores de criaturas bem sucedidas no mundo político, João não vem sendo beneficiado com essa atmosfera de brilhantismo reconhecido na labuta de abrir acessos e desvendar atalhos, capazes de acomodar e contemplar a multiplicidade de interesses em permanente duelo nessa arena, onde só os mais habilidosos sobrevivem.

     

    As caldeiras do Palácio estariam de fogo morto para esse tacho de urgências a cobrar soluções imediatas como se a realidade das calçadas e esquinas não exigisse cuidados e panos quentes para sarar as feridas que os petardos das sucessivas investigações têm causado ao organismo socialista estendido em mesa de cirurgia para amputar membros necrosados, que ameaçam de septicemia todo resto.

     

    Ninguém sabe ninguém responde muito menos essas figuras celebradas cujo silêncio e apatia se escondem por detrás de uma camada de soberba a rechaçar toda e qualquer contribuição no sentido de devolver aos trilhos o trem desgovernado do PSB, que mal saiu da estação e já ameaça descarrilhar na primeira curva.

     

    Num passado não tão distante assim, esse papel de mediador, de coordenar o Governo tanto administrativamente como politicamente ficava ao encargo da Casa Civil ou da Chefia de Gabinete quase sempre auxiliares escolhidos a dedo pelo Chefe do Executivo, mas que nessa gestão parece preferirem o papel de mordomo, restritos aos cafezinhos e ao aperto de mão quando muito, indiferentes ao incêndio que se alastra no prédio vizinho. (jampanews)