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  • A pobreza e a riqueza das Nações

    01/09/2014

     “ As armas e os Barões assinalados / Que da ocidental praia lusitana [...] Entre gente remota edificaram [...] Novo reino que tanto sublimaram. [...] Cantando espalharei por toda parte/ Se a tanto me ajudar o engenho e arte”.

    Estes imortais versos dos Lusíadas, revelam que começa na luta capitalista pelo poder, a nossa história nascida em Portugal. Impossível negar, esconder.
    Afinal o que nos trouxe até aqui, e o que nos conduz em trajetórias realizadas ao longo dos dias? Chegamos? Partimos? Início ou conclusão de um ciclo, de um pro-cesso? Palavras e fatos o comprovam; fatos e palavras o negam. Eis o choque de opiniões − da caverna de Platão ao metrô soviético a verdade nos confunde. Neste passeio no campo da observação e do pensamento, lembro as “Viagens na Minha Terra”, de Almeida Garret, na identificação jornalística, memorialista do Portugal de glórias passadas, fundadas no conhecimento de ciências políticas e econômicas do tempo, ligadas à navegação, elevando na grandeza de sua economia entre as nações, a pátria de Camões, alcançado pela decadência.
    Não pretendo desenvolver teses filosóficas, nem políticas, mas “filosofar” simplesmente. Diria até ingenuamente. Buscar o passado e antever o futuro do Brasil, nos meandros das decisões políticas. E valho-me da palavra, da avaliação lingüística como ensina o socialista libertário Chomsky, no caso a literatura e as ciências humanas, em raciocínios no estilo pessoano com os seus heterônimos. Falo pela boca dos outros. Entender o acerto de decisões governamentais no interesse da população, como no Leilão do Campo de Libra para arrecadar fundos financeiros e cobrir as perdas, o patrimônio e as rendas assaltadas pela banca financeira internacional, esta é a minha questão. O povo usurpado na sua riqueza, pela ação de réprobos governantes. O PT, para mim, mutatis mutandis hoje semelha um falanstério – primitivo e cruel.
    Com certeza a realidade é o tempo. Metáfora geométrica. A finitude e a orga- nização material-biológica dos seres é a expressão filosófica da existência do mundo. Eis o que seria o enigma da vida. Supostamente decifrado à partir de conquistas e decifrações em termos abstratos, que valem para uns, para outros não.
    Viver não é simplesmente existir, mas participar ativamente no sentido objetivo da racionalidade, buscando o desenvolvimento e aprimoramento das relações essenciais na sociedade razoável.
    Não falo de ideias e de ações, somente, mas de causalidade, improvável porém comprovada, de fatos conhecidos através de leis ditadas na convivência de degredados, aventureiros e selvagens, em qualquer estágio organizacional. Como nós, eles se reúnem em tribos, em famílias, definidas como as nossas, com as suas características e peculiaridades biológicas, mas sempre ajuntamento, sempre contemporaneidade. E somos levados a escolher entre o Estado e o indivíduo. Onde está a razão? Com Rousseux, com Marx?
    Dor de cabeça. Prolegómenos nascem da dificuldade de conceituar, como expressões objetivas a palavra e o fato. “Começamos todos com o realismo ingênuo, quer dizer, com a doutrina de que os objetos são assim como parecem ser. Admitimos que a erva é verde, a neve é fria e as pedras são duras. Mas a física nos assegura que o verde... o frio... a dureza que conhecemos por experiência... (é) algo totalmente diferente... A ciência parece estar em contradição consigo mesma; quando se considera extremamente objetiva, mergulha contra a vontade na subjetividade... o realismo ingênuo na medida em que é conseqüente é falso, logicamente falso. Portanto falso. Esta perplexidade que atormenta pensadores como Einstein, as considerações de Russell sobre o conhecimento motivam o desencontro de opiniões na vida dos indivíduos e das nações.
    Kant, um filósofo notável, afirmou que mais temia ser mal interpretado do que refutado. É o que acontece com a presidente Dilma e com o PT. Defesa do país, ou crime lesa-pátria? “O conhecimento perfeitamente definido pertence a uma ciência que confina com uma área circundante do desconhecido. Quando se chega a regiões limítrofes e se vai além, essa atividade consiste na filosofia. Direi na política. Restam entretanto, problemas dos limites e formulação do método. A dupla prova, esta é a grande questão, a questão final.” A parolice metafísica e o predomínio da razão. 
    Trocando em miúdos, Lula e FHC representam o prestígio da política em referência, e, como se diz popularmente, tudo farinha do mesmo saco. Vêm da ilusão bastante aristocrática, do poder da percepção ilimitada do pensamento e do realismo ingênuo, segundo o qual os objetos são a pura verdade dos nossos sentidos.
    Pound narrou, vaticinou:
    “E pois, com a nau no mar. / Assestamos a quilha contra as vagas.../ “Por artifício de Circe / A deusa benecomata... / Até que ouvisse Tirésias.” 
    Concluo: que a oposição política e partidária na democracia brasileira é uma ação meramente encabulada, mascarada como nos bailes monumentais de Veneza: esconde os traços fisionômicos do palhaço, mas deixa vivos os seus sentimentos submissos à mais vergonhosa prática social: a dissimulaçao, a felonia.. Em suma, uma democracia falaraz. Marina Silva o fato político do momento. O resto é o resto. ---------------
     — com Bruno Steinbach Silva eoutras 17 pessoas. (6 fotos)


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