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  • Oposição vence Governo

    09/12/2013


    O placar das eleições para o governo da Paraíba de 1982 a 2010 é este: Oposição 5X3 Governo. Vamos lá.


    1982 - Wilson Braga (PDS), candidato do governo, derrota Mariz (PMDB).


    1986 - Burity (PMDB), na oposição, derrota Marcondes Gadelha (PFL).


    1990 - Ronaldo Cunha Lima (PMDB), vence a eleição na oposição contra Wilson Braga (PDT) e João Neto (PRN).


    1994 - Mariz (PMDB) derrota Lúcia Braga (PDT), apoiado pelo governador Cícero Lucena (PMDB).


    1998 - José Maranhão (PMDB), no governo, se reelege e derrota Gilvan Freire (PSB).


    2002 - Cássio Cunha Lima (PSDB) vence o candidato do governo Roberto Paulino (PMDB).


    2006 - Cássio (PSDB) vence, mas o TSE proclama vitorioso José Maranhão (PMDB), da oposição.


    2010 - Ricardo Coutinho (PSB), de oposição, ganha de Maranhão (PMDB), que tentava a reeleição sentado na cadeira de governador.

     

    O BODE E O POETA

    A história que vou narrar agora já correu mundo. Eu mesmo já contei dezenas de vezes aqui em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Roma, Paris, Nova Iorque e até na China. Na Paraíba, essa do folclore político muda apenas de lugar. Eu mesmo juro que foi no Lastro.

    Nas eleições de 1990, ganhou as ruas a notícia de que o candidato a governador Ronaldo Cunha Lima (PMDB) tinha um prato preferido sobre qualquer um outro: bode. Assim, na casa aonde o Poeta chegava, haja bode. 

    Ele fazia uma campanha frenética para vencer o candidato favorito nas pesquisas Wilson Braga (PDT) e o concorrente apoiado pelo governador Tarcísio Burity, João Agripino Neto (PRN). E o homem não parava, parecia elétrico. Almoçava e jantava nas casas de lideranças políticas até quatro vezes por dia. E haja mais bode.

    Ronaldo já não suportava o cheiro do quadrúpede, de tão empanzinado. A caminho do Lastro, para um comício, parou na casa de Antônio Raimundo, à margem da estrada, e lá estava a mesa farta: arroz vermelho, feijão de corda, macarrão com salsicha fatiada, batata doce, salada maionese e...bode! O anfitrião recebe o Poeta, mostra a longa mesa de madeira, aponta para o guisado de bode e, como se não soubesse a preferência do convidado, pergunta:
    - Governador, o senhor come bode?
    O espirituoso Ronaldo, que perde o eleitor mas não a piada, responde:
    - Se tiver quem segure...

    MINHA VIDA DE ATOR

    Entre as muitas profissões ou atividades que já exerci na vida, tem uma que pouca gente sabe: já fui ator. Quando ingressei no curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco (Recife), em 1973, lá funcionava um teatro chamado TUCAP. Quando estava prestes a ingressar nele, a ditadura obrigou o Reitor a fechá-lo, sob a alegação de que seus integrantes eram um bando de subversivos.

    O então diretor, o paraibano Marcus Siqueira, recorreu a Dom Hélder Câmara e conseguiu instalar o grupo no Palácio do Bispo, na rua Rui Barbosa. Fui sonoplasta do monólogo O Diário de um Louco (texto de Nicolai Gogol) e atuei em O Uivo, de Allen Ginsberg.

    Mas a atuação mais intensa eu tive na peça “Tudo Começou com Ele”, sobre Tiradentes, encenada em 29 bairros periféricos do Recife, depois da qual era apresentado em forma de jogral o poema “Essa Nêga Fulô”, de Jorge de Lima. Durante a leitura do texto (laboratório), ganhei os papéis de Tiradentes e Dom João VI, embora não tivesse a barba do primeiro nem a barriga do segundo.

    Eis que na apresentação do bairro Mustardinha, como sempre o espaço lotadíssimo, um bêbado rompe o silêncio da plateia e solta o vozeirão:
    - Cadê a barba desse Tiradentes?
    - Tá embaixo, bebo cego!, emendou um gaiato, que nunca falta em plateia nenhuma.

    Aí a risadeira foi geral. Foi nesse dia que descobri que jamais seria um ator de verdade. Desconcentrei-me, caí na risada e custei a me restabelecer no papel. Deixei o teatro e me fixei na profissão que até hoje exerço: advogado. E professor.


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