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  • 29.06.2020 - 12:06

    Presidente ultraconservador da Polônia enfrentará prefeito de Varsóvia


    O presidente ultraconservador da Polônia, Andrzej Duda, venceu neste domingo o primeiro turno da eleição em que busca um novo mandato. Com mais de 99% dos votos apurados, o dirigente, respaldado pelo partido governista Lei e Justiça (PiS), somava 43,7% dos votos, um resultado que o obriga a disputar um segundo turno contra o prefeito centro-direitista de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, da Coalizão Cívica (KO), cuja candidatura revirou uma disputa que parecia decidida há poucos meses. O segundo turno da eleição presidencial está marcado para 12 de julho.

    Embora o papel do presidente seja limitado, ele tem o poder de vetar leis aprovadas no Parlamento, e uma vitória do liberal Trzaskowski, um europeísta cosmopolita e aberto, complicaria a agenda legislativa do PiS. A formação dirigida pelo ex-primeiro ministro ultracatólico Jaroslaw Kaczynski, que revalidou em outubro passado sua maioria absoluta no Congresso, encontrou um aliado fiel em Duda, cujas reformas empreendidas desde sua chegada ao cargo, em 2015, vêm colocando o Governo nacional em rota de colisão com Bruxelas. Neste período, a Comissão Europeia iniciou quatro procedimentos legais contra a Polônia por considerar que o país eslavo fragiliza o Estado de direito, e em dezembro de 2017 chegou a ativar o artigo 7º do tratado europeu —um mecanismo que serviria para privar a Polônia do seu direito de voto dentro da UE, com a aquiescência unânime de todos os outros membros— depois que o Executivo local aprovou uma de suas controvertidas reformas judiciais.

    Os dados apresentados pelas pesquisas de boca de urna não trouxeram nenhuma surpresa. As chances de Duda diminuíram desde abril, quando chegou a registrar 60% das intenções de votos nas pesquisas em meio aos meses mais duros da crise sanitária. Com a campanha suspensa na prática pela pandemia e numerosas vozes críticas dentro e fora do país, as eleições, que deveriam ter ocorrido em 10 de maio, acabaram sendo canceladas no último momento. Para a nova convocatória, a KO, principal coalizão opositora, liderada pelo partido Plataforma Cívica, do ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, decidiu substituir sua candidata, Malgorzata Kidawa-Blonska. A veterana política tinha proposto um boicote ao pleito e viu as intenções de voto caírem a cerca de 4%. A entrada de Trzaskowski na disputa, há pouco mais de um mês, revolucionou o cenário.

    “Sua aparição deixa claro que a oposição pode ganhar eleições. Pela primeira vez desde 2015 [ano em que o Plataforma Cívica deixou o Governo, para o qual havia sido eleito em 2007], o PiS os tomou como uma ameaça potencial”, observa Ben Stanley, professor-associado da Universidade de Ciências Sociais e Humanidades (SWPS) em Varsóvia. O acadêmico prevê que, se Trzaskowski chegar à presidência, poderia “complicar a legislatura do PiS”, o que levaria o partido governista a procurar eleições antecipadas a fim de obter a maioria de três quintos necessária para revogar vetos presidenciais.

    Além da idade —os dois candidatos nasceram em 1972— e de terem sido eurodeputados, ambos têm pouco ou nada em comum, assim como seu eleitorado. Andrzej Duda é muito popular em ambientes rurais e pequenas localidades, enquanto Trzaskowski consegue maior respaldo nas grandes cidades. Poliglota e próximo das elites, suas grandes forças podem ser também sua maior fraqueza, ao parecer distante dos problemas reais dos poloneses, segundo os analistas.

    Nas últimas semanas, o tom da campanha subiu com os comentários de Duda, que se referiu em um comício ao coletivo LGTBI como uma “ideologia mais destrutiva que o comunismo”. Suas palavras, em um país onde mais de 92% da população é católica e o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é legalizado, provocaram, no entanto, uma onda de indignação e foram condenadas por partidos políticos e associações.

    Em oposição a Duda, Trzaskowski aprovou em 2019 uma declaração do governo da capital em que se comprometia, entre outras medidas, à introdução de programas sobre educação sexual e tolerância nas escolas, algo que o hoje presidente planeja proibir.

    A incerteza com a situação econômica após a crise sanitária —que poderia conduzir a Polônia à sua primeira recessão desde a queda do comunismo, três décadas atrás— também pairou sobre a campanha. “O que mais interessa aos eleitores é o impacto econômico e social da pandemia”, afirma Aleks Szczerbiak, professor de Política na Universidade de Sussex, para quem o voto foi e será motivado pelo apoio ou não à atuação do Governo durante os últimos meses.

    No domingo, após conhecer as pesquisas em que superava seu rival por 11,4 pontos (41,8% x 30,4%), Duda gabou-se de ter uma “vantagem poderosa”. Em um discurso na TV, o presidente felicitou os demais candidatos, em especial Trzaskowski por “chegar ao segundo turno”.

    “Com estes resultados, vamos lutar pela Polônia”, afirmou o prefeito da capital em seu discurso imediatamente depois. “Quero uma mudança e serei o candidato da mudança”, afirmou. “Escolhemos entre futuro e passado. Entre a honestidade e os que querem expropriar o Estado. Entre a verdade e os que querem se basear na manipulação. Disso tratam estas eleições. E o mais importante: vocês decidem se teremos um presidente forte que olhará para as autoridades, ou um presidente que infelizmente nem sequer respeita sua assinatura.”

    Esta foi uma eleição atípica na Polônia, pois a lei foi alterada recentemente para permitir a votação por correio. Seguindo as recomendações do Ministério da Saúde, os cidadãos foram às seções eleitorais com máscaras, e em algumas regiões a votação ocorreu apenas por via postal, para evitar repiques da epidemia. Até o momento, o país, que fechou escolas e fronteiras e confinou a população após detectar os primeiros casos, em março, registra mais de 33.900 contágios e 1.438 mortos.

    O presidente ultraconservador da Polônia, Andrzej Duda, venceu neste domingo o primeiro turno da eleição em que busca um novo mandato. Com mais de 99% dos votos apurados, o dirigente, respaldado pelo partido governista Lei e Justiça (PiS), somava 43,7% dos votos, um resultado que o obriga a disputar um segundo turno contra o prefeito centro-direitista de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, da Coalizão Cívica (KO), cuja candidatura revirou uma disputa que parecia decidida há poucos meses. O segundo turno da eleição presidencial está marcado para 12 de julho.

    Embora o papel do presidente seja limitado, ele tem o poder de vetar leis aprovadas no Parlamento, e uma vitória do liberal Trzaskowski, um europeísta cosmopolita e aberto, complicaria a agenda legislativa do PiS. A formação dirigida pelo ex-primeiro ministro ultracatólico Jaroslaw Kaczynski, que revalidou em outubro passado sua maioria absoluta no Congresso, encontrou um aliado fiel em Duda, cujas reformas empreendidas desde sua chegada ao cargo, em 2015, vêm colocando o Governo nacional em rota de colisão com Bruxelas. Neste período, a Comissão Europeia iniciou quatro procedimentos legais contra a Polônia por considerar que o país eslavo fragiliza o Estado de direito, e em dezembro de 2017 chegou a ativar o artigo 7º do tratado europeu —um mecanismo que serviria para privar a Polônia do seu direito de voto dentro da UE, com a aquiescência unânime de todos os outros membros— depois que o Executivo local aprovou uma de suas controvertidas reformas judiciais.

    Os dados apresentados pelas pesquisas de boca de urna não trouxeram nenhuma surpresa. As chances de Duda diminuíram desde abril, quando chegou a registrar 60% das intenções de votos nas pesquisas em meio aos meses mais duros da crise sanitária. Com a campanha suspensa na prática pela pandemia e numerosas vozes críticas dentro e fora do país, as eleições, que deveriam ter ocorrido em 10 de maio, acabaram sendo canceladas no último momento. Para a nova convocatória, a KO, principal coalizão opositora, liderada pelo partido Plataforma Cívica, do ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, decidiu substituir sua candidata, Malgorzata Kidawa-Blonska. A veterana política tinha proposto um boicote ao pleito e viu as intenções de voto caírem a cerca de 4%. A entrada de Trzaskowski na disputa, há pouco mais de um mês, revolucionou o cenário.

    “Sua aparição deixa claro que a oposição pode ganhar eleições. Pela primeira vez desde 2015 [ano em que o Plataforma Cívica deixou o Governo, para o qual havia sido eleito em 2007], o PiS os tomou como uma ameaça potencial”, observa Ben Stanley, professor-associado da Universidade de Ciências Sociais e Humanidades (SWPS) em Varsóvia. O acadêmico prevê que, se Trzaskowski chegar à presidência, poderia “complicar a legislatura do PiS”, o que levaria o partido governista a procurar eleições antecipadas a fim de obter a maioria de três quintos necessária para revogar vetos presidenciais.

    Além da idade —os dois candidatos nasceram em 1972— e de terem sido eurodeputados, ambos têm pouco ou nada em comum, assim como seu eleitorado. Andrzej Duda é muito popular em ambientes rurais e pequenas localidades, enquanto Trzaskowski consegue maior respaldo nas grandes cidades. Poliglota e próximo das elites, suas grandes forças podem ser também sua maior fraqueza, ao parecer distante dos problemas reais dos poloneses, segundo os analistas.

    Nas últimas semanas, o tom da campanha subiu com os comentários de Duda, que se referiu em um comício ao coletivo LGTBI como uma “ideologia mais destrutiva que o comunismo”. Suas palavras, em um país onde mais de 92% da população é católica e o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é legalizado, provocaram, no entanto, uma onda de indignação e foram condenadas por partidos políticos e associações.

    Em oposição a Duda, Trzaskowski aprovou em 2019 uma declaração do governo da capital em que se comprometia, entre outras medidas, à introdução de programas sobre educação sexual e tolerância nas escolas, algo que o hoje presidente planeja proibir.

    A incerteza com a situação econômica após a crise sanitária —que poderia conduzir a Polônia à sua primeira recessão desde a queda do comunismo, três décadas atrás— também pairou sobre a campanha. “O que mais interessa aos eleitores é o impacto econômico e social da pandemia”, afirma Aleks Szczerbiak, professor de Política na Universidade de Sussex, para quem o voto foi e será motivado pelo apoio ou não à atuação do Governo durante os últimos meses.

    No domingo, após conhecer as pesquisas em que superava seu rival por 11,4 pontos (41,8% x 30,4%), Duda gabou-se de ter uma “vantagem poderosa”. Em um discurso na TV, o presidente felicitou os demais candidatos, em especial Trzaskowski por “chegar ao segundo turno”.

    “Com estes resultados, vamos lutar pela Polônia”, afirmou o prefeito da capital em seu discurso imediatamente depois. “Quero uma mudança e serei o candidato da mudança”, afirmou. “Escolhemos entre futuro e passado. Entre a honestidade e os que querem expropriar o Estado. Entre a verdade e os que querem se basear na manipulação. Disso tratam estas eleições. E o mais importante: vocês decidem se teremos um presidente forte que olhará para as autoridades, ou um presidente que infelizmente nem sequer respeita sua assinatura.”

    Esta foi uma eleição atípica na Polônia, pois a lei foi alterada recentemente para permitir a votação por correio. Seguindo as recomendações do Ministério da Saúde, os cidadãos foram às seções eleitorais com máscaras, e em algumas regiões a votação ocorreu apenas por via postal, para evitar repiques da epidemia. Até o momento, o país, que fechou escolas e fronteiras e confinou a população após detectar os primeiros casos, em março, registra mais de 33.900 contágios e 1.438 mortos. 

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