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  • 16.06.2019 - 06:28

    Pesquisa: torres e celulares podem causar câncer


    Muito se fala sobre as consequências do uso excessivo de aparelhos celulares. Em 1999 foi proibida a utilização do aparelho em aviões, porque ele emite ondas de rádio que podem interferir na faixa de comunicação das aeronaves. Além disso, de acordo com o professor Luciano Vieira, do curso de Engenharia Elétrica da UFU, a alta frequência de radiação emitida por raio-x, micro-ondas e celulares pode ser prejudicial à saúde. Entretanto, segundo Vieira, o problema do celular é que a radiação que ele gera cria um campo magnético que não se dissipa se o usuário apenas se afastar dele.

    Entre 2006 e 2007, uma aluna de graduação da UFU começou a ter fortes dores de cabeça e nenhum remédio convencional conseguia fazer efeito. Diante desse fato, o professor começou um estudo que consistiu em retirar o uso do celular da aluna e, em dias, as dores de cabeça cessaram.

    Inferidos a causa e o efeito das dores, Vieira aprofundou seus estudos e comprovou que o campo eletromagnético gerado pelo celular pode causar incidência de câncer. Segundo a recomendação do professor, só se deveria utilizar o celular durante 10 minutos por dia, “mas você fica o dia inteiro com o celular próximo ao corpo e, em até dois metros, o campo atinge a pessoa”, explica.

    Assim, por necessidade, Vieira desenvolveu uma capa protetora para celulares, feita de metal, com pequenos furos de diâmetros concisos, que inibe a transmissão de radiação para o usuário. O sinal da rede continua normal, mas o campo magnético é limitado.

    A capa “corta o campo eletromagnético que chega ao meu ouvido. O celular continua gerando o campo, mas somente dentro da capa”, diz Vieira. A eficiência chega a 99,9%. A capa é produzida com aço puro para deter a saída do campo. Atualmente, é produzida por uma empresa de Uberlândia e vendida no site da empresa.

    A pesquisa teve participação de Nayara Silva Costa Chiovato, aluna cujas dores de cabeça deram origem à necessidade da criação da capa, e Sandra Fernandes de Oliveira Lima, patenteadora da ideia e doutora em Engenharia Elétrica.

    Estudos sobre torres de antenas de celulares         

    Por volta de 2007, o professor Luciano Vieira já se preocupava com as antenas de torres de celulares. Porém, na época, havia poucas torres em Uberlândia e “por vários anos, elas ficavam em locais mais isolados, a mais de 50 metros das residências e edificações”, diz o pesquisador.

    Entretanto, atualmente, de acordo com Vieira, Uberlândia tem mais de 370 torres de celulares espalhadas na cidade e, há três anos, ele e o aluno Pedro Kiszka, hoje especialista em telecomunicações, começaram a fazer medições da distância entre as torres e as residências no município.

    De acordo com os estudos, a abrangência da radiação emitida pelas torres é de, no mínimo, 50 metros a partir do ponto de edificação. Isso significa que, se a distância da residência à torre for menor que esse valor, a população que vive naquele local está exposta à radiação.

    A diferença do celular para as antenas, como explica o pesquisador, é que o sinal do celular é de cinco watts e o das antenas chega a 500 watts, ou seja, o dano produzido nas pessoas é muito maior. Além disso, como explica Vieira, uma única torre possui várias antenas e cada antena “gera no mínimo de 10 a 100 vezes mais potência que o celular”, conta o professor.

    No Distrito Federal, por exemplo, desde 2004, se discute a proibição de instalação de antenas de celular em terrenos próximos às escolas. Em julho do ano passado, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios alegou que as antenas colocam em risco a saúde das crianças e recomendou a retirada de 31 antenas pelas empresas de telecomunicações.

    Os sintomas, segundo Vieira, são os mesmos da incidência dos celulares. Além do desenvolvimento do DNA cancerígeno, a população pode apresentar dores de cabeça, fadiga, insônia, depressão, infertilidade, epilepsia, púrpura, leucemia, aborto espontâneo e falta de produção de leites em lactantes, além de outros sintomas.

    Diante desse cenário nacional e regional, Vieira e Kiszka escreveram um livro, no final de 2016, sobre os campos produzidos pelas antenas e seus malefícios à saúde. A ideia seria retirar as torres perto de escolas, hospitais e residências e as colocarem em praças, onde o tempo de permanência das pessoas é menor.

    Como outra solução, os autores indicam a inserção das High Altitude Plataform (HAP), que são balões que se hospedam no céu, onde o campo magnético não consegue chegar até as pessoas e o sinal da rede de telecomunicação até melhora. “O único problema é o financiamento para retirar a torre e instalar o balão”, afirma Vieira.

    por Autor: 

    Talita Vital (Estagiária de Graduação)