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  • 23.01.2024 - 05:41

    O monastério de Bruno Cunha Lima - Por Marcos Marinho


    Bruno Cunha Lima ao lado do saudoso Ivandro Bruno Cunha Lima ao lado do saudoso Ivandro

    Marcos Marinho

    Bruno Cunha Lima, prefeito da nossa amada Campina Grande, entre a cruz ferina e a espada cruel, vive hoje o seu monastério pessoal.

    Penso que não necessariamente um calvário, como muitos possam assim imaginar, mas um tempo essencialmente monástico, necessário à conexão com o divino e ao aprofundamento do seu instante espiritual.

    Bruno realmente deve saber – e tem inteligência comprovadamente atestada para isso – que os peixes ruins também vêm na rede…

    Enquanto prefeito dessa urbe revolucionária, o neto do meu saudoso amigo Ivandro convive sabiamente com muitas pessoas realmente boas, que trabalham com dedicação e efetivamente o ajudam no suado mister. Mas, em organismo com muitas centenas de pessoas, é impossível que haja apenas os bons. É preciso admitir esse lado, com toda tristeza que isso acarreta, mas não se pode ignorar o outro – o do mal.

    Bruno sofre pancada dentro e fora de Casa!

    É imperioso reconhecer que na equipe que ele mesmo recrutou tem pessoas que o empurram para trás. De igual modo que o faz a mídia venal, formada por travecos vestidos de jornalistas que somente mal fazem – a ele e à sociedade. E que ele a remunera!

    Penso que na cabeça do ora injustiçado alcaide campinense haja a certeza de que ele conhece tanto dos bons, que intimamente se confessa capaz de entender a necessidade de aguentar esse tipo de coisa.

    Certamente conforta Bruno constatar quantas pessoas realmente boas, puras, tem encontrado pelo caminho, o que na verdade pode compensar o outro, aquilo que convencionalmente chamamos de MUNDO CÃO.

    Os problemas em derredor do prefeito são inúmeros e imensos. E acredito que ele bem deve saber: ninguém pode fugir da tempestade, mas é necessário se manter firme.

    Há reclamações contundentes, onde inclusive me incluo, sobre a lentidão exagerada do Governo, a demora na execução das obras, das tomadas de decisões, do acontecer!

    Mas quero crer, agora que me decidi a refletir um pouco mais sobre o comportamento gerencial de Sua Excelência, que de fato problemas estruturais e pessoais entremeiam-se e com intervenções apressadas é mais provável causar destruição do que sanar o problema. Por isso – em estilo dele – é preciso avançar devagar e com prudência!

    Bruno tem que começar com ele mesmo.

    Eu disse COMEÇAR, e não ‘conversar’.

    Tem pouco menos de um ano para isso, se quiser mesmo renovar o mandato para governar a amada terra por mais quatro lustros.
    E nesse ‘começo’ podar a árvore, cortar os galhos secos, apodrecidos, fedorentos…

    Na raiz, botar fertilizante do bom, esterco de boi, estrume de galinha…

    É a receita da vida, para os bons frutos brotarem, com sabor.

    Tenho repetido que adoro a juventude, aprender com ela, aplaudi-la. Foi por isso que vi em Bruno, lá atrás, quando a seu pedido subi a serra, vindo de Carapibus, para um encontro no escritório reluzente de história no prédio do Cartório do seu avô, a solução imediata para os problemas mais prementes de uma Campina que estava excepcionalmente bem tratada por Romero.

    Foi maravilhosa, para mim obviamente, a nossa conversa. Aquele jovem ser, nascido e educado em berço de ouro, não mostrava incorporar nenhuma história de ontem, mas uma de amanhã – a que me interessava!

    Explodia ele uma inteligência nova no reconhecimento e na declaração dos segredos da ansiedade para governar Campina e sua gente. Captei ser sua especialidade poder desembaraçar coisas complicadas, enxergar para além da superficialidade.

    Discorremos sobre a intimidade da Borborema, os intestinos da nossa terra comum…

    Invadimos a História, desde lá longe quando Félix foi trucidado em praça pública, e avançamos sobre Ciência, Religião, Física e Metafísica, Pensamento e Prece. Juntou essas coisas para realmente chegar ao cerne de uma questão, e na beleza da sua retórica elevava ainda mais a profundidade dos seus pensamentos.

    E me confessou, como em um sopro: refletia tudo o que previamente dizia, pois a seu ver para aceitar livremente quaisquer interlocuções se fazia necessário também ser ele um ouvinte. Isto para não impressionar apenas as pessoas, mas também levá-las a acreditar que toda palavra carece de inspiração.

    Entendi que o menino do BERÇO DE OURO era mais do que isso: um gigante antenado ao seu tempo e conhecedor de todas as agruras dos irmãos nascidos em berços de palha.

    Mas, da decepção inicial de ontem para a reflexão maturada de hoje percebo que há evolução, embora erros crassos continuem a enodoar a gestão que Bruno comanda, isto em que pese o meu íntimo avisar-me do quanto seria difícil eu me decepcionar com mais alguém, uma vez que simplesmente aos 71 ‘janeiros’ de vida já conheço profundamente a realidade local e sei o que se pode esperar concretamente e o que não mais se pode.

    O meu relacionamento com determinados políticos, notadamente alguns como Bruno, de famílias poderosas com poder hereditário, é muito diferente nos últimos anos.

    Somos raças distintas!

    Do mesmo modo os obstáculos para uma reaproximação são diferentes. No caso do prefeito – e de outros políticos fortes que dele se aproximaram por filiação familiar ou puro oportunismo – o grande problema permanece sendo a fragmentação interna, os seres que gravitam nos cochichos das manhãs, tardes, noites e madrugadas.

    Bruno continua sendo o aluno sensível que faz poemas lembrando a verve do tio Ronaldo e as glosas do avô Ivandro, se entusiasma com a sinfonia de Mozart e permanece com o ardor do filho pródigo, ávido por conhecimento já que educado no pensamento progressista, de onde recolhe ensinamentos bíblicos para enxertar seu discurso com a força da fé que mostra ter em Deus. Mas também o aluno de pós-graduação arrasado, que de repente chega à beira do abismo em sua jovem carreira e ameaça fracassar.

    Bruno Cunha Lima efetivamente não tem acertado em tudo. E sem dúvida o seu Governo não tem conseguido esgotar o seu potencial de homem público. Com frequência, o comportamento dos seus auxiliares e de boa parte do seu aparato político – vereadores que lhe davam sustentação e até mesmo parentes próximos – aparenta ser de recusa. Mas ele continua a aceitar tudo de modo estranhamente humilde, aguentando seus traidores fechando-se em copas nesse monastério que vem lhe ajudando a engolir todos esses sapos que lhe botam no caminho.

    Até as bordoadas que recebe, vindas da irresponsabilidade de pseudos homens de imprensa – corriola daninha que envergonha quem de fato exerce labor como manda o figurino e a boa ética – que a todo custo desejam impor suas visões vesgas deformadas e interesseiramente amparadas no vil metal, nosso jovem alcaide emudece e tira tudo de letra.

    E findo por aqui, na certeza de que os ainda poucos seguidores de Bruno Cunha Lima – dentro ou fora de Casa – sentem falta de seu discurso refrescante, da riqueza naturalmente verdadeira da sua fala honesta, da infinita paciência que costuma ter para escutar e principalmente de sua insistência na razão, a impedir que a gestão que comanda deslize mais ainda para o fantasioso, como está a ocorrer.

    Particularmente continuo vendo em BCL um dos mais importantes políticos da atualidade, mas somente a história o julgará. Com urnas de outubro aí pelo meio a dificultar ou a facilitar o que os pósteros sobre ele escreverão. 

    apalavraonline