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  • 18.08.2014 - 00:31

    Em Recife, Eduardo Campos é enterrado em clima eleitoral


     Cerca de 100 mil pessoas, segundo cálculos do governo de Pernambuco, acompanharam ontem, no Recife, a cerimônia de despedida de Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República morto na quarta-feira passada após um acidente aéreo no litoral paulista. O velório, aberto ao público, foi tomado por manifestações eleitorais.

    Marina Silva, candidata a vice que assumirá o posto de nome do PSB ao Planalto, ficou o tempo inteiro ao lado da família. Levantou para o alto, em certo momento, a foto de Campos que estava sobre o caixão.

    Os filhos do ex-governador de Pernambuco vestiam camisetas com uma das últimas frases ditas publicamente por Campos antes de morrer – “não vamos desistir do Brasil”. Frase que também estava estampada no caminhão de bombeiros que realizou o cortejo na madrugada, da base aérea para o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo onde foi realizado o velório e uma missa campal celebrada por d. Fernando Saburido, arcebispo do Recife e de Olinda.

    João Campos, de 20 anos, apontado como herdeiro político do pai, cerrou punhos e puxou o coro “Eduardo, guerreiro do povo brasileiro”. O mesmo coro foi repetido várias vezes durante o velório, o cortejo até o cemitério de Santo Amaro e o enterro dos restos mortais do ex-governador de Pernambuco.

    Renata, viúva de Campos, teve o nome várias vezes entoado pelos presentes, que pediam que ela se lançasse candidata a vice na chapa de Marina.

    Do lado oposto à área reservada a autoridades e à família, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, estiveram juntos durante a missa. A petista estava acompanhada do antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva. Ela chegou a ser hostilizada por algumas pessoas que estavam próximas da área de autoridades. O tucano foi ao velório com o candidato a vice, Aloysio Nunes Ferreira.

    Em família. A presença de Marina junto à família de Campos repetiu-se durante o cortejo final que levou o corpo do ex-governador ao Cemitério de Santo Amaro. Ela ficou em cima do carro de bombeiros que levou o caixão ao cemitério sentada ao lado de Renata e dos filhos da viúva. Marina não quis dar declarações à imprensa ontem.

    No sábado, ao chegar ao Recife, ela deu uma breve entrevista ao Estado na qual afirmou sentir “o senso de compromisso” que a morte do aliado lhe impôs. Também afirmou que o fato de não ter embarcado no jatinho que caiu em Santos na quarta-feira foi uma “providência divina”.

    Renata e Antonio Campos, o único irmão do ex-governador, foram os primeiros a defender que Marina ocupasse a cabeça de chapa do PSB na disputa presidencial. A gratidão da ex-ministra ao gesto foi visível.

    Durante o enterro dos restos mortais de Campos, ocorreram novas manifestações favoráveis a Marina. “Fora Dilma, agora é Marina” e “Marina e Renata” eram gritos ouvidos dentro de cemitério. Também foram espalhadas faixas por toda a cidade do Recife, confeccionadas pelo PSB, dizendo: “Seus ideais permanecem vivos em cada um de nós”. Faixas e camisetas também tinha a foto do ex-governador, com data de nascimento e morte.

    Avô. Os familiares também usaram chapéus de palha, em homenagem a Miguel Arraes, avô de Campos que também foi governador de Pernambuco. “Chapéu de Palha” é um programa social criado por Arraes em 1988.

    Um chapéu chegou a ser colocado sobre o caixão na hora do enterro. Diante da família, entre as quais a mãe de Campos, Ana Arraes, ministra do Tribunal de Contas da União, João, o herdeiro político, voltou a puxar o coro “Eduardo, guerreiro do povo brasileiro”. “Viva Eduardo! Viva Arraes! Viva o Brasil!”, gritou o jovem, que queria ser candidato a deputado neste ano, mas foi convencido pelo pai a se dedicar aos estudos. Além de João, Campos deixou outros quatro filhos com Renata: Maria Eduarda, Pedro, José e Miguel.