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  • 24.05.2019 - 08:01

    A farra no gabinete de Veneziano é destaque com 42 nomeações a custo de quase 500 mil reais


    Embora de modo negativo a heroica Paraíba volta a ser destaque nacional e desta feita pelas mãos do jovem senador Veneziano Vital do Rego (PSL), incluso no rol dos novos da Casa que transformaram os seus gabinetes em “cabide de empregos”, prática da chamada “velha política” que combatiam, mas ao chegarem ao Parlamento a ela não renunciaram.

    Com 42 nomeações no seu gabinete, ao custo mensal de R$ 413 mil, o paraibano figura entre os 15 senadores com maior número de contratados em uma lista encabeçada pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que contratou 78 assessores a um custo mensal de R$ 527 mil.

    Segundo a ‘Gazeta do Povo’, a renovação do Senado Federal – dos 54 eleitos em 2018, 46 são novatos – não resultou em renúncia a práticas da “velha política”, como transformar os gabinetes em cabide de empregos.

    Entre os dez senadores que mais contrataram assessores neste mandato, seis são ‘novatos’. Apenas esses 10 contrataram 580 assessores, com gasto mensal de R$ 4,4 milhões. Isso projeta uma despesa anual de R$ 57 milhões – dinheiro suficiente para construir 2 mil casas populares.

    Como já mostrou reportagem d’APALAVRA, Veneziano Vital do Rego mesclou suas indicações com ex-secretários (ou suas esposas) e pessoas do seu círculo íntimo de amizades, além de cabos eleitorais (filhos de vereadores e de prefeitos do interior).

    Na sua lista consta pelo menos três mulheres de secretários municipais ao tempo em que o senador governou Campina Grande: Juliana da Silva Medeiros Barreto (mulher de Alex Azevedo), Nádia Karina de Moura Maciel (mulher de Fábio Thoma), e Ysmênia Mickellainy Maranhão Cabral (mulher de Júlio César). Não consta que nenhuma delas dê expediente.

    A folha do gabinete de Veneziano, que totaliza mensalmente R$ 412.618,82, tem “salário” para todos os gostos. O maior rendimento (FC-3) é do Chefe de Gabinete, Marcelo Inácio de Aranha Menezes, que ganha (bruto) R$ 38.146,44. Já os menores salários (AP-01) vão para 16 amigos ‘do peito’ do senador, dentre eles o jornalista Josué Cardoso, o motorista Paul Belmond e duas acompanhantes da sua esposa Ana Cláudia – Vanusa Giometti Barbosa e Maria Carmen Silva – que percebem salário bruto de R$ 3.231,35, incluindo o auxílio alimentação.

    MAIS DO QUE SENADORES

    A ‘Gazeta do Povo’ revela que levantamento das maiores rendas entre esses assessores mostra que 18 recebem mais do que o salário dos senadores, com uma média R$ 37 mil. Três deles sofrem a regra do abate-teto para não ultrapassar o salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (R$ 39,3 mil), que é o teto constitucional. São servidores efetivos do Senado lotados nos gabinetes. Cada senador tem direito a até quatro desses servidores.

    No gabinete do paraibano, estão lotados três.

    Entre os comissionados – de livre nomeação – os dez maiores salários têm média de R$ 23,6 mil, com o teto de R$ 28 mil. Cada senador tem direito a 11 assessores com salários elevados, mais um motorista, mas ele pode subdividir esses cargos em dezenas de outros com salários a partir de R$ 2,2 mil. É o milagre da multiplicação dos cargos, que resulta no cabide de empregos, em Brasília e nos estados.

    CAMPEÕES

    O maior número de assessores está no gabinete do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), senador estreante, mas que já tinha três mandatos de deputado federal. Ele contratou 78 assessores, com gasto mensal de R$ 527 mil – ou R$ 6,8 milhões ao ano. Todos os assessores estão lotados no seu gabinete no Senado. O escritório de apoio no centro de Brasília está fechado, em fase de montagem, embora o Senado já pague o aluguel há dois meses.

    Mas a maior despesa é feita por outro tucano: Roberto Rocha (PSDB-MA). Os seus 52 assessores custam R$ 558 mil por mês, ou R$ 7,2 milhões por ano. Outra novata que encheu o gabinete foi Renilde Bulhões (PROS-AL). São 38 em Brasília e 29 no estado, a um custo mensal de R$ 516 mil. O novato Lucas Barreto (PSD-AP) tem 60 assessores, com folha salarial de R$ 470 mil.

    “GRAÇAS A ISSO FUI ELEITO”

    Os menores salários são geralmente pagos a assessores que trabalham nos escritórios nos estados. Eles fazem o contato com as bases eleitorais dos senadores, levantando reivindicações de cada localidade. Muitas delas são atendidas pelas emendas dos parlamentares ao Orçamento da União. Em período eleitoral, esses assessores são praticamente cabos eleitorais dos senadores.

    Nos 10 maiores gabinetes, 150 assessores recebem o menor salário. O maior número, 27 cargos AP-1, está no gabinete do senador Randolfe Rodriques (Rede-AP). Ele conta com 11 assessores em Brasília e 45 no Amapá. O senador novato Messias de Jesus (PRB-RR) tem 56 assessores, sendo 37 no estado. Vinte deles recebem o “piso salarial”. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) preencheu 21 cargos AP-1, sendo 19 no escritório de apoio.

    Questionados, os senadores não explicaram qual a atividade desses servidores menos privilegiados. O único que fez um relato foi Izalci Lucas. Ele explicou, incialmente, que o gabinete precisa estar presente em todas as cidades – são 33 regiões administrativas, algumas delas com 600 mil habitantes, como Ceilândia.

    Então, falou dos baixos salários. “Tem algumas lideranças de cidades que têm salário menor. Não é uma pessoa muito qualificada, mas tem penetração na comunidade. Na Estrutural (invasão urbana), tem um menino meu que ganha o mínimo. Não é um especialista, mas não é isso que espero dele. Como liderança, ele sabe o que está acontecendo na comunidade e traz para gente. Quem sabe o que é melhor para a Estrutural é quem vive lá. É graças a isso que fui eleito”.

    ASSESSORAS DA MULHER

    Na Paraíba, pelo menos da lista de Veneziano boa parte dos contratados ou efetivamente não trabalha, ou trabalha para a esposa Ana Cláudia, já em campanha aberta em Campina Grande para se eleger prefeita da cidade em 2020. É o caso das “secretárias” Vanusa Giometti Barbosa e Maria Carmen Silva, que a acompanham nas entrevistas em rádios e encontros políticos, além de jornalistas e até motorista, todos pagos com dinheiro público do Senado Federal.

    Fonte: Da Redação com Gazeta do Povo