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  • E agora, Migué?

    01/10/2014

     Em meio a denúncias de compra de votos por candidatos a governador e deputados, um ato corriqueiro na política partidária, e há quem afirme não ser uma prática de hoje. O jornal Contraponto, desta semana, trás em sua pagina – Politica - um poema do inspirado Marcos William, que conheço através de sua colaboração no semanal. Nos seus textos literários, revela-se excelente e também um versejador judicioso e moderno.

    Poderia, se o autor fosse idoso, com o tema metrificado - “E Agora Migué ??” - ter sido o abre-alas da Semana de Arte de 1922, realizada em São Paulo, que conferiu ao pernambucano Manuel Bandeira, a láurea de inovador do movimento cultural, com a poesia – “Os Sapos”. Uma estrofe reza: “...Em ronco que aterra/ Berra o sapo-boi/ Meu pai foi à guerra/ Não foi...foi... não foi”.

    O escritor paraibano citado brindou seus leitores com um tema metrificado, em que faz o gênero narrativo, épico e dramático de uma categoria de votantes. No lírico explora a musicalidade das palavras e trabalha na exploração dos sentimentos e emoções. A realidade se faz presente no dramático ao citar um mundo onde, coerentemente, ocorrem os lances que compõem o enredo da historia dos eleitores carentes das atenções do Poder Público.

    Como é longa a exposição em que o poeta paraibano, comenta a situação do eleitor obrigado a votar, sem ter consciência de seu ato, transcrevo, um verso, a que não falta ou sobra uma silaba na musicalidade. “...Se você votasse/ Se você ganhasse/ Um trabalho de gente/ Saúde de classe/ Você saberia/ Dizer com seu voto/ O seu muito obrigado/ E seria feliz/ Você burro é Mingué!/ Ficou sem emprego/ Sem educação/ Seu país só aparece/ Nas mazelas do mundo/ Até o futebol/ Que enganava sua fome/ Virou empresa/ De gente sem nome.” E finaliza numa assertiva que não tem variante, na interrogação: “Não tens opção?/ Todos calçam 40/ Então vota no doido/ No feio, no besta/ No surdo, no mudo/ No hétero, no homo/ Na quenga/ No vesgo/ E vai pela dica/ do teu coração/ Só não vote naquele/ que é mala, maleta/ Stellio e furão/ Que jura que é Cristo/ Mas é o Dimas ladrão!

    A democracia no Brasil é jovem. Após 20 anos de Ditadura, em 1984 teve começo o processo de transição democrática, com a eleição do 1º Presidente civil, Tancredo Neves. Desde então, o PMDB enfatizou que só existiria governo democrático, quando a liberdade política convivesse com a igualdade social. Contudo, vamos fortificar o sistema, para que a democracia sobreviva. ______________________________________________________________________

    Lourdinha Luna é membro da Academia de Letras de Areia.


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