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  • A agonia do Cabo Branco

    31/05/2016

    Convivi, na minha juventude, com o axioma: “quem sabe esperar não desespera”. Todavia, senti a fé arribar, no tocante à preservação da falésia do Cabo Branco, que a partir da colonização em 1585 é referência para navegadores de longo curso e de pequenas embarcações. 
    O promontório é formado por uma massa de pedra, que não impede sua ruína, em face do movimento brusco das marés, que desgastam sua barreira. O terreno é de origem terciária, com modelados de arenitos frágeis, o que ocorre com as formações do gênero, do Amapá ao Rio de Janeiro. Outra queixa recai no aquecimento global, uma lamúria nos ouvidos dos que aspiram a permanência do Cabo, como estampa benta de nossa praia. 
    Prevendo um mal maior ao hospedeiro da bússola que orienta os nautas, há apelos ao dever cívico e a compaixão de governadores e Prefeitos, em favor do nosso acidente geográfico, citado nas Cartas de Navegação do mundo. As promessas se repetem, mas a inexecução dos serviços de restauração apagou nos peticionários, a esperança de salvação “da ponta que avança pelo mar” e faz dela a proeminência da América do Sul, mais citada. 
    As ações em desfavor da natureza e da saliência rochosa, em ruina, são atribuídas à ação humana, que contribui para a degradação da península. Elemento negativo é a pista de rolamento, que recebe um transito constante, pesado e lesivo, pois a trepidação derruba partes da argileira. Sobre seu dorso reside o Farol, que orienta a entrada ao Porto de Cabedelo, e a Estação Ciência, que atrai turistas, pela visão do mar, com ondas gigantes que mudam de cor a cada instante. Pode-se, também, contemplar o nascer do sol e da lua que são imagens de beleza e espanto, para o descortino dos visitantes. Lutemos por nosso cartão postal, que não pode ser negado, a quem visita o agonizante.


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