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  • A bica e a solução de Balduino

    29/09/2014

     Quando Dorgival Terceiro Neto era prefeito desta cidade das mangueiras e das acácias, resolveu restaurar o Parque Arruda Câmara (Bica), e, para a tarefa, contratou a experiência e a inteligência de Balduino Lelys, de quem nunca mais tive noticia.

    Balduíno, no governo de João Agripino fora encarregado da recuperação do Conjunto Barroco de São Francisco onde instalou um Museu e descobriu o piso original da Capela principal. Depois, cuidaria da instalação do Museu Walfredo Rodrigues, em prédio que restaurou na Duque de Caxias, hoje abandonado, mas com seu acervo fotográfico exposto na Casa da Pólvora. Sei que sua ultima iniciativa foi a Universidade Livre de Taperoá, não sabendo dizer se nesse campus alguém chegou a ser diplomado.

    Para fazer da Bica um local de agradável frequência e com ambientes mais acolhedores, até um restaurante foi construído, em frente à Ilha dos Macacos, outra de suas ideias, aproveitando o veio de uma fonte dita de água mineral, que era procurada pelos moradores de bairros mais distantes, dada a sua proclamada excelência. Diariamente, os veículos desciam em fila para que seus motoristas enchessem na fonte os depósitos que traziam de casa.

    Na reconstrução da Bica, Balduino recrutou nos presídios os melhores pedreiros, serventes e artífices, resultado de um convenio entre a Prefeitura e a Secretaria de Interior e Justiça, que cuidava, na época, da administração penitenciária. Para agilizar a construção dos novos equipamentos de lazer, era preciso isolar as áreas de serviço e impedir a entrada de frequentadores. A descida de veículos a toda hora para pegar água na bica, resultava no atraso da obra, o que incomodava sobremaneira ao irrequieto construtor.

    E que construtor! Balduíno estava tão entusiasmado com a missão confiada pelo conterrâneo de Taperoá que governava a cidade, que resolveu também colaborar com a fauna do nosso zoológico. Um dia, chega de viagem e convoca a todos para acompanhá-lo à porta da Prefeitura. Para surpresa geral, dentro da mala do seu opala, trazia do Maranhão, uma onça pintada de rara beleza. Depois de enquete popular, o felino recebeu o nome de Badú, e viveu por muitos anos atendendo à curiosidade da criançada pessoense.

    Mas como Balduino iria se livrar dos visitantes que atrapalhavam sua obra? Teve então a esperta ideia de instalar um chafariz na entrada da Bica. Os veículos não precisariam mais entrar no parque. Voltavam da porta, seus donos satisfeitos e com os barris abarrotados de “água mineral”....

    Faltou Balduino explicar que a água disponibilizada na frente da Bica, não era da sua famosa fonte, mas do próprio abastecimento da cidade...Muitos levaram para casa a mesma água que já dispunham, mas Balduino pôde concluir e entregar a Dorgival.


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