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  • Homenagens equivocadas

    17/12/2013

     Outro dia ocupei este espaço para lembrar homenagens prestadas a nomes os mais ilustres, em equipamentos públicos ou privados fora das atividades em que se notabilizaram seus patronos. Referi-meà Medalha do Mérito Esportivo TarcisioBurity, nome que para mim poderia honrar qualquer comenda, desde que vinculada às suas qualificações. Não sei se alguém do Tribunal de Contas leu o que escrevi, mas naquela instituição foi criado um premio Tarcisio de Miranda Burity para laurear os vencedores do concurso de artigos sobre administraçãopublica e controle externo dos seus atos. Tudo a ver!


    Explorar o nome de Frei Damião, por exemplo, virou moda em Guarabira. O homem já era endeusado na região e depois que Lea Toscano e MonsenhorZé Nicodemus lhe tributaram um monumento, ampliou-se a fama de homem puro e santo. Até posto de gasolina já tem o nome dele. Na Capital,Wilson Braga o elegeu patrono de uma maternidade. O equivoco da homenagem ficou patenteado com uma manchete de um dos nossos jornais: “Frei Damião fará aborto”. Como homem e como beato, a notícia injuriava o capuchinho. Tratava-se, simplesmente, de uma determinação do SUS, credenciando a referida maternidade para a prática dos abortos legais. 
    E a noticia de que “Valentina Figueiredo está cheia de buracos”? Fosse vivo, o general seu filho prendia e arrebentava...


    Augusto dos Anjos, poeta do Eu, em Sapé é de todos e ostenta seu nome em empreendimentos diversificados. Se um dia Augusto, “exausto de pisar máguas pisadas”ansiar o retorno ao seu pé de tamarindo, só para rever o “sepulcro da loura virgem bela”, duvido muito que agradeça a homenagem saída de “tegumentárias mãos plebeas” mas sinceras, do meu amigo Antonio Simplício, dono da Casa Lotérica Augusto dos Anjos.


    O Centro Administrativo do Estado tem a denominação de Tancredo Neves. Fui autor do projeto que virou lei. Nunca colocaram uma placa no local. Mas em Mandacaru, mesmo com letras tortas e mal desenhadas, a Borracharia Tancredo Neves imortaliza esse nome. Os equívocos se repetem em toda parte. O Estádio Bezerrão em Bananeiras, tem o nome de Governador Clovis Bezerra. O Ramalhão, reverencia o prefeito Arlindo Ramalho. Os dois, mesmo merecedores da homenagem,nunca foram desportistas. Humberto Lucena, nome de hospital, é um trauma. A imprensa lembra a função do hospital e esquece o patrono. Em escola, em um fórum judicial, quando acabar nome de desembargador, ficaria melhor o seu nome.


    Outras homenagens, mesmo condizentes são duvidosas. Como aplaudir a vinculaçãodo nome do desembargador e professor de direito de varias gerações, Flóscolo da Nóbrega, a uma penitenciária exemplo do que existe de pior em desrespeito aos direitos humanos? E Geraldo Beltrão, advogado brilhante, também ser nome de presídio!... Não é de se admirar, pois nesta Terra de Santa Cruz, nome de leiem vez do nome do autor, ganha o nome do réu. Lembram da Lei Fleury? E mais recentemente, a Emenda Maluf?


    Para encerrar, enterrando nas profundas a vaidade do baiano Rui Barbosa, encontrei na Torrelândiaa “Troca de Óleo Rui Barbosa”. Vejam onde foi parar o Águia de Haia! (Do livro EM PROSA E NO VERSO)


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