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  • Vice não é coisa fácil

    27/05/2013

    A discussão pela escolha do cabeça-de-chapa domina sempre o ambiente político e as especulações jornalísticas. Os vices, que compõem as chapas majoritárias, são anunciados na undécima hora e resultam de composições várias. As vezes prevalece a liderança pessoal ou o parentesco com essas lideranças.Outras, a junção partidária e, finalmente,a localização geográfica da atuação do candidato.Ou seja, o eleitorado que ele representa. Com relação a esse último predicado, Campina Grande tem sido o celeiro de candidatos a vice-governadores, amparados por considerável fatia do eleitorado que se une quase sempre em favor dos seus.Caberia um post-scriptum: há ainda uma categoria menos votada mas bem lembrada: os empresários. Quando se junta a geografia com a conta bancária e a força eleitoral, não há quem resista. Seu Cabral- Severino Bezerra Cabral, dono de banco e dos votos de Campina,foi o escolhido por João Agripino para seu companheiro de chapa, após o afastamento de Silvio Porto, intelectual respeitado mas com poucos votos, sem dinheiro e político de Guarabira.Somava menos.
    Na recente história da Paraíba, porém, o único vice da serra que deu certo foi Rômulo Gouveia.Está bem na missão e promete vôos mais altos. Argemiro de Figueiredo, um nome nacional, quando compôs a chapa de Ruy Carneiro, perdeu a eleição justamente para seu Cabral, que, pouco depois, perderia o mandato. Raymundo Asfóra, um ícone campinense, não chegou a assumir e José Carlos da Silva Junior, assumiu muitas vezes mas foi convencido pelas raposas do PDS a renunciar para ser candidato a Governador. Seria trocado por Marcondes Gadelha e voltaria às suas atividades empresariais perdendo a vice e a perspectiva de governar o seu estado através de eleição direta.Mesmo com esses revezes, ninguém pode negar a força de Campina quando tem gente sua na chapa majoritária.Quem desdenhou perdeu feio. Maranhão, na sua reeleição, candidato único, escolheu Roberto Paulino e ganhou. Reincidiu em subestimar o eleitorado campinense e preferiu o PT de Luciano Cartaxo. Desta vez tinha competidor, perdeu. Ganhou no tapetão. Essa sorte que não teve Roberto Paulino. Este juntou-se a um dos melhores nomes do sertão, Gervásio Maia, mas não logrou êxito.Campina deu o troco.
    O meu tema de hoje serviu de mote para animada conversa no Cassino da Lagoa quando ex-deputados se reuniram para saudar o regresso de Carlos Dunga à Assembleia. Candidato preterido a vice na chapa de Antonio Mariz, Dunga ainda hoje se queixa de Humberto Lucena,que desejava um ortodoxo emedebista para fazer dupla com Mariz. Maranhão foi o escolhido. Juntava a tradição do partido com a sua historia de cassado pelo regime militar.Seu cofre contou pouco pois é pública e notória sua fama de pão-duro. No máximo, cederia seu avião para as viagens de campanha. Desde que alguém botasse o querosene. Como o piloto era ele, não precisava pagar diária.
    Waldyr dos Santos Lima, Wilson Braga, Assis Camelo,Afranio Bezerra, Arnóbio Viana e Gilvan Freire, reunidos em torno de Dunga, cada qual trouxe um fato das antigas, motivo da audiência curiosa de Manoel Raposo,Fábio Arruda e Ramom Moreira, vereador de Bananeiras que compôs a nossa mesa como meu convidado. Não estando autorizado a contar a história dos outros, fico com a minha.
    Num vôo para Brasilia, encontro Maranhão. Desencantado com a política, reclamava a injusta cassação de Humberto pela distribuição dos famosos calendários e proclamava sua decisão de não ser mais candidato a nada.Na sua ótica, o poder econômico, como nunca, dominaria aquela campanha que se avizinhava. Não colocaria seu patrimônio em jogo apenas para conquistar mais um mandato de deputado federal. Voltou de Brasília como vice de Mariz. Dunga queimou o documento assinado por dezenas de prefeitos indicando-o para a vaga.Dunga era Campina. Foi preterido. Mariz ganhou. Exceções também acontecem.
     


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