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  • O golpe da intendência

    02/10/2014

     (Fatos da história de Sousa). Na agitação do período eleitoral, quando muito se discute a política local, entro também no assunto, para falar da velha política de Sousa, de fatos quase perdidos na lembrança ou esquecidos pelo dilatado passar dos anos. A exaltação marca para a história, o desenvolvimento característico dos acontecimentos políticos em todos os quadrantes da terra. As circunstâncias que envolvem a disputa revelam a maior ou menor freqüência das ações leais ou insidiosas. Assim nos deparamos com a violência, a integridade, a traição, a competência, a pérfida esperteza. Para uns vale a ética nos seus compromissos de campanha; para outros importa o fim que buscam alcançar, utilizando quaisquer meios, mesmo os condenados pelos bons costumes, pela lei. Dessa maneira conquistam os seus títulos, o seu galardão, a exemplo de Tiradentes, Herói da Pátria, Honra da Nação; e Silvério dos Reis, Traidor da Pátria, Vergonha da Nação. A cada um, portanto, conforme a sua conduta. As palavras acima servem de intróito apenas, a um breve comentário sobre um fato da história política de Sousa, fundado em documento incontestável. E de reconhecido valor, por revelar as relações sociais da época, retratadas na conduta política dos seus representantes. O texto é autêntico, divulgado pelo importante jornal “Estado da Paraiba”, que circulava na capital do Estado, tirado de exemplares datados de 09 de fevereiro de 1892, e de 18 de fevereiro de 1892. Naquele tempo os “coronéis” ainda exerciam as funções que, pelo seu fundamento e sua origem pertencem ao Estado. Acentua o historiador honoriano José Octávio de Arruda Melo no seu “O Problema do Estado na Paraíba: Da formação à Crise (1930 – 1996)”, que, aquelas (funções) somente com a chegada de João Pessoa ao governo, apoiado na ascensão da “nascente classe média foram tornadas públicas, tais como arrecadação fiscal, segurança, crédito, estruturação agrária, obras públicas e organização municipal. Nesse momento o Estado adiantou-se à sociedade.” (pág.12). Vejamos a redação das notícias na ortografia e no estilo da época: “CIDADE DE SOUZA. Cartas recebidas dálí em dacta de 22 de janeiro ultimo contam: No sabbado, 16 do corrente um pequeno grupo, composto dos cidadãos Antonio Joaquim de Mello, Galdino Ferreira de Souza Formiga, Francisco de Assis Garrido e Pedro Baptista Gambarra, acompanhados de uns moradores do professor Nabor Meira de Vasconcellos, foi à casa da intendencia municipal (então na Igrejinha do Rosário), violentou uma das portas da mesma casa e se fizeram acclamar intendentes.” Isto feito, redigiram um officio e mandaram levar ao presidente, tenente-coronel José Gomes de Sá, que o devolveu incontinenti, por não reconhecer nelles autoridade alguma e antes reputal-os criminosos perante as leis do paiz. “A intendencia legal continua no seu posto.” “Ameaçaram tambem ao digno procurador da justiça, nosso illustre amigo Dr. Mattos Rolim, Procurador da Justiça (meu avô paterno), que teve apoio franco de amigos sinceros. Consta que o Dr. Mariz escreveu ao Dr. Mattos, dando-lhe satisfação, e allegando que, apesar de serem aquelles seus cunhados e sobrinhos, nenhuma parte tinha tomado em tais movimentos.”"


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