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  • Sangue, suor e lágrimas

    15/09/2014

     Para evitar vaias, Lula e Ricardo usam discrição. Ele não foi anunciado no Sambódromo. Ricardo escondeu-se, fugiu na campanha de sua candidata Estleisabel. O presidente Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, assistiram na noite de ontem ao primeiro dia de desfiles das escolas de samba do Rio. Para evitar as vaias, como ocorreu na abertura dos Jogos Panamericanos, em 2007, Lula chegou de forma discreta ao Sambódromo. O nomedele não foi anunciado pelo locutor oficial do desfile. Deu em O Estado de S. Paulo - Fonte: http://l.facebook.com/l/IAQEp60nuAQGG0FMnMqnR8S-AtKZxPbzhKtkiqLAQsv1MCg/oglobo.globo.com/pais/noblat/ Algo está errado. Que atroz pressentimento domina o popular mandatário da nação? O senador pernambucano Jarbas Vasconcelos fez ao país uma denúncia grave: o desajustamento do governo Lula, interna e externamente considerado. Mesmo com a sua disparada consagração, comprovada nas pesquisas de opinião. Onde está a verdade? O senador pernambucano argumenta: "O marketing de Lula mexe com o país. Ele optou pelo assistencialismo, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo". O governador Cássio Cunha Lima foi cassado, denunciado por haver comprado votos. Seria o mesmo caso, ou diferente? Dá para pensar. Dois pesos duas medidas? Não seja por isso... Nem sempre, a maioria e a unanimidade sustentam-se na ética. “Um Inimigo do Povo”, famoso texto teatral de Ibsen, retrata a tragédia da porfia social. Vivemos em dois mundos? O affaire que expulsou do cargo a ex-ministra Marina Silva, que se batia pela preservação do meio ambiente, considerou-a uma inimiga do povo, concluindo, em conseqüência, que os madeireiros e especuladores que destroem os recursos naturais, apoiados pelo presidente, são os salvadores da pátria. Ficou claro que não se trata de erro ou engano, mas falam de má fé e corrupção de verdade. Como aconteceu com o malogrado e sacrificado projeto do cientista-personagem do drama norueguês. A vida é um duro combate: viver é lutar! Cantou o poeta. Lula e oRicardo Coutinho alcançaram a posição de grande homem, dirigentes de um país rico na potencialidade dos seus ambicionados recursos naturais. E com uma população que “vai na onda”, como tem acontecido até agora. Fácil de envolver, dominar. Mas resistindo sempre. Em data próxima ele tem encontro marcado com o popular presidente Obama. Estão na crista da onda. Podemos compará-los a Churchill que enfrentou a blitzkrieg nazista, afirmando em discurso no Parlamento: "...Não tenho nada a oferecer-vos senão sangue, trabalho, suor e lágrimas..." conquistando assim, a confiança dos seus concidadãos, a paz para o seu país. Lula e Ricardo por sua vez, tinha de soltar a sua frase declarativa, como fazem os grandes, e, em clima de frevo pernambucano, axé baiano, samba carioca, sapateado gaúcho, sem envolvimento em qualquer guerra, garantiu na cerimônia de sua posse na presidência: “Nenhum brasileiro, depois do meu governo, irá para a cama com fome". Resultado: lucro para o empresariado nacional e estrangeiro e para o mercado financeiro internacional, que o homenageiam, deixando o país em vias de perder de vista o seu futuro, enquanto proliferam os presídios, e a população é atacada por doenças antes desaparecidas, lepra e outras. Assim se comportam os homens: os bons e os maus. Deitam as suas “falas do trono”. Apenas os diferencia o caráter pessoal e do comunicado. Onde moro não circula jornal. Leio O Norte acessível na Internet, o Correio não o é. Leio sempre Gonzaga Rodrigues. Ele tem aquele raciocínio engajado que se revela sem subterfúgios. Jamais pulará a cerca, tomará outra estrada. Um caminho que me agrada, que percorro consciente na formulação de algumas teses sobre a sociedade dos homens. Sabe como é: num irresistível processo centrífugo o pensamento voa, voa, mas é levado ou arrastado para raciocínios que não chegariam a outro destino senão ao centro que determina a atração, a mudança, à força direcionada inelutavelmente, como nas leis da física. Falo da formação da nossa consciência crítica, da origem e direcionamento dos nossos pensamentos e ações. E tudo vem a propósito de uma numerosa legião de mocinhas, que vejo cedinho quando passo, saindo de favelas em bairros afastados, em demanda de ruas localizadas no centro urbano da cidade, onde moram famílias melhor aquinhoadas financeiramente, e elas trabalham como “domésticas”. É a mão de obra que existe nesses aglomerados – que as mulheres velhas rapam panelas aproveitando restos de comida, buscam na vizinhança empréstimo de algo para forrar o estômago vazio. Os rapazes, e muitos homens feitos, nus da cintura para cima, com a camisa desleixadamente no ombro, jogam sinuca, bebericam aguardente, postam-se acocorados em reuniões e discussões que não falam do trabalho nem do país. Talvez de mulheres, preferencialmente comentam o que viram e escutaram no rádio e na televisão sobre novos programas e projetos públicos voltados para a assistência e amparo das ditas famílias pobres. Por fim concordam, batem palmas. Um diz: – Lula vai aumentar! Todos advinham que se trata de vantagens. Outro, completa: – Agora todos em casa podem ganhar. Antes só menino de escola, agora rapaz e moça ganham. E a cesta básica vai chegar no dia certo, o pão e o leite também aumentam, contando as pessoas. Um mais idoso informa: – Lá em casa tem três meninas “buchudas” que vão render um extra perto de 3000 de “natalidade”. Com dois aposentados e um “encostado” (seguro doença) vamos chegar perto de 2000 por mês. E tem a bolsa carinhosa, bujão, o hospital, o medicamento, o Ministério público para nos defender. Rico agora vai pagar a conta velha. Assim Gonzaga Rodrigues perdeu os seus biscateiros, se não na fila da Bolsa Família, mas na do Hospital, o que dá no mesmo. Coisa de governo. O senador Jarbas Vasconcelos disse, numa entrevista que Lula botou no mato o dinheiro farto do bom momento da globalização ao fazer assistencialismo. Na verdade fomos puxados para cima pela China e pela economia estadunidense, pela recuperação do saldo comercial, período que poderia ter sido melhor aproveitado pelo Brasil, como afirma Ieda Paulani mestra da USP. Lula por algum tempo usou a surrada frase gritada nas panfletagens desaparecidas do PT: “Devemos dar o peixe como fazemos, mas também ensinaremos a pescar”. Deixou de lado a promessa, como no seu estilo. Não existem empregos. Por isso volta a importância de conceitos como o de capital fictício, que Marx trabalha na seção 5 do livro 3 do Capital, como ensina a mestra paulistana. O que tenho repetido. Com quem está a razão? Como poderemos nos livrar da “Servidão Financeira” que Lula alimenta com os juros ditados pelo Banco Central? E o que fazer com a dissimulçao, a desonestidade e as mentiras de Ricardo? Para finalizar transcrevo afirmações e ações de FHC, que o PT e Lula condenavam e hoje defendem ou silenciam. “A globalização é o novo Renascimento da humanidade”, falou o sociólogo de obra alheia, o citado FHC.. O mesmo que mudou o nome da Petrobrás para Petrobrax, para tentar privatizá-la, vendeu 1/3 de suas ações na bolsa de Nova York e de São Paulo e quebrou o monopólio estatal do petróleo. Tem muito mais, anotado por Emir Sader. Fácil de conferir. Sobre os governantes, o que divulga a imprensa nacional a respeito de Lula (Dilma) e Ricardo Coutinho, leva a entender: "Chegou finalmente o tempo, em que os acertos de Vossa Majestade per-suadem... daqui vem o parecermos, que Vossa Majestade não só nasceu para reinar, mas que já sabia reinar quando nasceu". (filósofo Mathias Pascal) Aí chegamos a Albert Camus com a sua literatura, o seu teatro do absurdo, num estúpido mascaramento da realidade - certamente atento aos expedientes recomendados por Brecht, a que podemos recorrer, para passar verdades em tempos difíceis, ou o seu próprio entendimento sobre os meios e modos próprios da arte: Cena. Uma praça em Cádiz (Espanha de Franco). Personagens: burocrata, cidadão: "Burocrata - Enquanto isso, vós, guardas, vendereis nossas insígnias. Bom dia. Desejais comprar uma insígnia? Cidadão - Que insígnia? Burocrata - A insígnia da Peste (bolsa família, guias de trânsito,etc). Aliás, sois livre para recusar. Não é obrigatório. Cidadão - Então, recuso. Burocrata - Muito bem... Perfeito. Desejo simplesmente, advertir-vos de que todos aqueles que se recusarem a usar esta insígnia serão obrigados a usar a outra insígnia. Cidadão - Qual? Burocrata - Bem... A insígnia daqueles que se recusam a usar a insígnia. Assim podemos reconhecer, à primeira vista, com quem temos problemas"."


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