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  • Antônio Mariz, sua vida, nossa cidade, a Paraíba

    18/09/2015

     Transcorreu com homenagens solenes, a data alusiva aos vinte anos do falecimento de Antonio Mariz. O mérito do seu caráter e a lisura de sua conduta de cidadão conquistaram o reconhecimento público, o espaço na memória da cidade e do Estado. O Ministério Público estadual e o Senado da República o homenagearam com sessões especiais.
    A origem familiar de Antonio Mariz no nosso município, trouxe-o de volta, ele estudante no Rio de Janeiro, para reencetar a carreira política do clã, destacada no passado, interrompida com o falecimento do seu pai advogado José Mariz, então deputado estadual. O seu lugar fora ocupado por um correligionário.
    Sentiu na sua chegada, que a circunstância do seu primo João Agripino, representante da cidade de Catolé do Rocha como deputado federal e trocava votos com os candidatos sousenses, dificultava a situação. Mas ele não se deixou abater. 
    O curso do progresso fizera surgir fortunas com as novas técnicas agrícolas e pecuárias, com a industrialização voltada para o aproveitamento dos produtos, das potencialidades locais. Complicava-se a política com a prevalência do dinheiro na cooptação de chefes políticos e cabos eleitorais. 
    O renome dos Mariz, todavia, granjeara o respeito e admiração geral, eles detinham a chefia de uma facão da política local. E dedicavam-se ao exercício de profissões liberais, às atividades rurais, à militância política e partidária. Com firmeza sustentavam a sua tradição, que lhes permitia ainda o destaque e acesso na feira, no clube, na igreja. 
    Estes rebentos do Rio do Peixe, que vinham do Umari, aparentemente dormiam, mas somente madornavam. Era só aquela preguiça (colonial, pordeusista) milenar aliada à exaltação moura que herdamos de Portugal. Assim eles são, e deu no que deu.
    Antonio Mariz, portanto, chegou e ligou-se ao povo, naquele comportamento paradoxal da convivência da sala com a cozinha, que os seus adotavam, sem descuidar dos amigos da família. Coisa estranha, porém, assinalo que urbanidade não equivale a cachorrada, promiscuidade.
    A partir daí ele ganhou todas as eleições democraticamente disputadas, em campanhas que empolgavam a população. As do “colégio eleitoral - indireta” e do “voto vinculado” naturalmente não contam.
    Nesses entreveros, nos encontramos e marchamos juntos, na prática de uma política ideologicamente voltada para o social. O essencial na prática política nos unia, e poucas vezes, quanto a detalhes acessórios, somente, discordamos. Juntos, acompanhados de correligionários, visitamos a viuva do industrial José Gadelha, e ele declarou solidariedade acandidatura de Marcondes, depois o fez seu secretário no governo do Estado. Continuei seu correligionário até a sua morte, sem incomodá-lo quanto ao exercício de cargos e vantagens outras que muitos exigem.
    Eleito senador, Antonio Mariz chamou-me uma noite na sua casa em Sousa, e disse-me que teria uma secretaria no governo de Ronaldo Cunha Lima recém-eleito, que colocava a minha disposição. Eu recolhido à vida rural, não pretendia retornar à política e sugeri o nome de Inaldo Leitão para o cargo, nosso valoroso companheiro de campanhas eleitorais e de aliança familiar, lamentavelmente derrotado na disputa para deputado estadual, que eu apoiei.
    Ele chateado com o insucesso, numa viagem comigo para João Pessoa, declarou que desejava se especializar no direito, para a universidade ou para a advocacia. Nada mais de política. Insisti. Elegeu-se depois deputado estadual, federal, foi secretário de Estado.
    Aqui chegamos, ele numa boa, e eu morando no mato declaro-me feliz, mesmo sofrendo as agruras e prejuízos da grande seca que enfrentamos.
    Nos acode, todavia, em boa hora, a memória do amigo comum Antonio Mariz -


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