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  • O cordão dos puxa-sacos

    23/05/2014

     O que não falta em governos, qualquer um, é puxador de saco, conhecido no meu tempo de Sousa como xeleléu. A principal característica do puxa-saco está na capacidade que ele tem de derramar elogios no chefe – imerecidamente, frise-se. O patrão fez um discurso ruim, fora da curva e com um turbilhão de erros conceituais e gramaticais? O xeleléu corre em direção ao orador e dispara: brilhante, chefe!


    Outra coisa que eles fazem com maestria é adotar os hábitos do governante. Quando Tarcísio Burity assumiu o governo da Paraíba (1979), difundiu-se seu gosto pela música erudita. Foi o suficiente para transformar em eruditos os ouvidos dos auxiliares. Beethoven, Bach, Mozart, Vivaldi, Tchaikovsky e Strauss não conheceram época de maior popularidade em terras paraibanas do que na gestão Burity. Pelo menos no núcleo do governo, incluindo a turma do interior.

    Exagero dos exageros, alguns especialistas em bajulação resolveram aprender a tocar piano, como fazia Burity, e outros decidiram ler sobre Filosofia do Direito, especialidade do chefe. Diz a lenda que um desses cupinchas foi ao oftalmologista porque queria usar óculos, tal qual o governante. O exame de vista revelou que os olhos do examinado dispensavam o uso do objeto. Mas ele não se conformou e comprou os óculos. O grau das lentes? Zero.

    E ainda teve um prefeito que, para ficar parecido com o governador, removeu o bigode que usava havia 20 anos. E só devolveu os pelos ao visual quando o governo se foi.


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