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  • O silêncio de uma voz

    18/04/2014

     Ele nasceu em berço de ouro, tinha pinta de galã, se vestia como galã, andava e cantava tal um galã. Esse era Vandinho Dantas, o artista que representava a Jovem Guarda sousense lá pelo final dos anos de 1960.

    Lembro bem dele cantando nessa época na Praça do Bom Jesus sucessos de Roberto e Erasmo Carlos, entre os quais A Garota do Baile, Brucutu e Festa de Arromba.

    Calça boca de sino, cinturão largo, casaco vistoso, um par de botas e uma cabeleira à John Lennon emolduravam o artista sousense no mesmo figurino dos ídolos cariocas. Ou dos Beatles.

    Vandinho tinha tudo para seguir a carreira artística, sua mais visível paixão. Criou sua própria banda, cantou em festas de clubes e embalou em sonho esse projeto. Andou por São Paulo, talvez em busca de uma chance, mas acabou retornando à cidade natal. Já um pouco fora do ramo, dava uma ‘canja’ nos intervalos das festas e deslizava pelo amplo salão do Sousa Ideal Clube cantando Django, do argentino Luis Bacalov, e Zingara, do italiano Gianni Morandi. A plateia aplaudia fortemente e o cantor ficava em êxtase.

    Bem, de cantor a outras profissões exercidas ao longo da vida, Vandinho foi aquele que jamais se deixou desanimar. Adoeceu, amputou uma perna, substituiu o andar cadenciado pela cadeira de rodas, enfrentou dificuldades de toda ordem e mesmo quando virou vendedor de espetinhos, manteve seu charme e bom humor.

    Com a partida para os céus, sua voz silenciou, mas ficou ecoando na lembrança de cada um de seus admiradores, a começar por mim. A minha querida amiga Socorro Formiga, e familiares, o meu pesar – com a voz do coração.


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