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  • A água ainda está no fogo

    23/05/2018

     Aínda era madrugada, de um dia do ano de 1965, quando a mulher mandou Evaristo Guedes comprar o pão para o café da manhã, a água ficou esquentando no fogão. No caminho para padaria encontrou um "Pau de Arara", defronte a Prefeitura Municipal de Patos, que estava se preparando para partir (No período das secas as prefeituras do sertão da Parahyba pagavam as despesas das pessoas que queriam encontrar melhores condiçoes de vida no sudeste do país). Evaristo encaminhou-se para o motorista e perguntou:

    - Vai para onde?
    - São Paulo.
    - Tem vaga?
    - Tem.
    Evaristo não quis conversa. Subiu no "Pau de Arara" e partiu para uma aventura na maior metrópole do  Brasil. Durante o longo tempo que esteve fora não mandou notícias.
    Foi homem de posses na cidade de Patos, morava na Rua Grande. Era casado com Dona Amélia, filha de Sabino Viana e irmã de minha diretora no Grupo Escolar Rio Branco, a professora Raimunda Viana. Com certeza, nesse mesmo dia, mais tarde, percorri o mesmo caminho de Evaristo, só que em direção ao grupo escolar, onde cursava a primeira série e que ficava defronte à prefeitura.
    Depois de cinco anos o desaparecido voltou, chegou de madrugada na cidade de Patos. Quando a Marinete parou defronte ao Hotel Central lembrou-se do pão que a mulher tinha pedido para comprar. Foi na padaria, comprou os pães e seguiu para sua casa na mesma Rua Grande.
    Bateu na porta e quem atendeu foi a própria Dona Amélia. Evaristo ansioso entregou o pacote e disse:
    - Trouxe o pão.
    A mulher não titubeou:
    - A água aínda está no fogo.
     


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