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A cidade que enganou o diabo
09/05/2018
Da minha estante de livros de escritores patoenses retiro a rarissíma primeira ediçao de "Dez Anos no Amazonas" (1949) do conterrâneo Alfredo Lustosa Cabral. Logo no início do livro me deparo com um pequeno depoimento e resolvo escrever essa história, verdadeira:
No final do século XIX Alfredo Lustosa Cabral (com apenas 14 anos de idade) resolveu viajar para o Amazonas em companhia do seu irmão Silvino Lustosa Cabral. Sairam da Imperial Vila de Patos em setembro de 1897. Viajavam juntos aos tropeiros Severino Belo, Xixi Rodrigues e Chaguinha da Antonica. Quando avistaram o sítio Cacimba de Areia (hoje cidade) um dos tropeiros perguntou:
- Vocês sabem a história dessa capela?
Todos balançaram a cabeça negativamente e o tropeiro continuou:
- O dono desse sítio era muito ambicioso. Trabalhava muito, mas não conseguia ficar rico. Um dia numa roda de amigos disse que para ficar rico faria até um pacto com o demônio. Contam que nessa noite o diabo apareceu e fechou o negôcio: Ele ficaria rico, mas, em certo tempo , o satanás o levaria para o inferno.
Alfredo Lustosa impresionado com a conversa gaguejou:
- E aí, o que aconteceu?
- O homem ficou rico. Asombrado com o capeta valeu-se de Nossa Senhora da Conceição. Prometeu a santa que se ela o livrasse do satanás ergueria uma capela em sua homenagem. Foi o que aconteceu. Ergueu a capelinha e nunca mais o diabo o importunou.
Um dos tropeiros que estava ouvindo a conversa acrescentou:
- É por isso que o povo costuma dizer que "em Cacimba de Areia, até o diabo foi enganado".
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