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  • Pontomisso

    15/03/2018

    Quando Portugueses e Espanhóis se lançaram ao mar em busca de um Mundo Novo a frase mais esperada era: Terra a Vista! Com esse sentimento entrei no mundo encantado da Universidade. Um mundo novo que precisava ser explorado não só na Engenharia, mas em todos os seus aspectos. Como ator participei do Primeiro Festival Universitário de Teatro promovido pela UFPB, em Cajazeiras, com a peça infantil "T" de Terra e "B" de Brasil. 

    No segundo festival já participei com uma peça de minha autoria dirigida por Everaldo Vasconcelos que hoje é professor de Teatro da UFPB. A peça tinha o nome de "Ponto Final". Para ser apresentada tinha que passar pelo crivo da Censura Federal. Um dia recebi um telegrama me convocando a comparecer a PF. Dia e hora marcada. Era no tenebroso tempo da Ditadura Militar. Tempo em  que o povo não tinha o direito de escolher o seu presidente, governadores e prefeitos das capitais. Corria o ano santo de 1977.

    Na Polícia Federal mandaram mudar o título da peça e sem pestanejar e nem entender o motivo disse simplesmente com meu jeito desabusado de sertanejo: "Coloque Pontomisso". O funcionário me olhou atravessado e liberou a peça toda marcada com carimbo vermelho em vários diálogos: "CENSURADO". Para a peça ser apresentada o censor também tinha que assistir o Ensaio Geral. O nome do nosso Grupo era "Resistência" e para honrar o Grupo apresentamos a peça em Guarabira, Mamanguape e Solânea sem levar em conta os carimbos vermelhos da Polícia Federal. No ano seguinte escrevi "A Cruz da Menina" inspirado na filosofia de Paulo Pontes que dizia: já que não podemos colocar, no palco,  o drama do povo em todas as suas consequências pelo menos que se coloque a cara do povo do jeito que ela é.


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