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  • 03.09.2015 - 05:33

    Levy reclama de isolamento a Dilma, que defende ministro da Fazenda


    VALDO CRUZ
    MARINA DIAS
    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, procurou nesta quarta (2) a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, para reclamar de isolamento e falta de apoio no governo, pondo em dúvida sua permanência no cargo se a situação não mudar.

    Depois de falar com o ministro por telefone e ouvir que ele sentia "perda de apoio" para sua política de ajuste fiscal, a presidente fez uma defesa pública de Levy, dizendo que ele "não está desgastado" nem "isolado" no governo. "Isolado de mim ele não está", disse Dilma, após cerimônia no Palácio do Planalto.

    Segundo a Folha apurou, Levy não falou em pedir demissão, mas deixou claro que, sem apoio do Planalto, sua permanência à frente da Fazenda corria risco. Um aliado do ministro afirmou que suas conversas com Dilma e Temer foram um "desabafo", de alguém que tinha uma estratégia para reequilibrar as contas públicas e sente que está perdendo as batalhas internas –uma após a outra.

    Um assessor presidencial confirmou a conversa de Dilma e Levy, mas descartou a possibilidade de ele deixar o governo. Segundo o auxiliar, o ministro estava em busca de "carinho", porque seria alvo de "intrigas" que não contam, segundo essa versão, com respaldo da presidente.

    O desagravo público ao ministro veio no fim da manhã: "Levy não está desgastado dentro do governo. Ele participou conosco de todas as etapas da construção desse Orçamento e tem o respeito de todos nós", disse Dilma.

    A Temer o ministro disse estar preocupado com a situação econômica do país e reclamou da falta de respaldo da presidente. Segundo assessores do vice, Levy só não deixou o cargo porque "tem senso de responsabilidade".

    Nos últimos meses, Levy foi derrotado em diversos embates na condução da política econômica do governo. O último foi o envio ao Congresso da proposta de Orçamento para 2016 com um inédito deficit primário de R$ 30,5 bilhões. O ministro defendia cortes de gastos maiores, mas o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, preferia o Orçamento com deficit. Dilma ficou com a posição de Barbosa.

    Em julho, o ministro da Fazenda havia sido contra a redução da meta fiscal deste ano. Chegou a garantir que ela não seria alterada. De novo, Dilma fechou com Barbosa e reduziu o superavit primário de 1,1% para 0,15% do PIB (Produto Interno Bruto).

    folhaonline