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  • 26.03.2015 - 11:44

    Lava Jato investiga comprador de avião de acidente que matou Campos


     A Procuradoria-Geral da República determinou, em um dos inquéritos da Operação Lava Jato, que a Polícia Federal investigue as relações políticas e a suposta prática de agiotagem por parte de João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho - um dos três empresários de Pernambuco que compraram o jato Cessna, que em agosto de 2014 caiu e matou o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB).

    A PGR suspeita que João Carlos Lyra seja o dono da Câmara & Vasconcelos, uma das empresas que pagaram pela aeronave, vendida por R$ 1,7 milhão.

    Desde o ano passado, a PF investigava se os três empresários de Pernambuco eram "laranjas" usados para ocultar a compra do jato - que foi testado por Campos, dias antes de sua aquisição.

    O PSB e a família Campos negam irregularidades. No ano passado, Lyra divulgou nota afirmando que comprou o avião e locou para a campanha de Campos. Algumas empresas, entre elas a Câmara & Vasconcelos, teriam emprestado os valores da compra.

    Descoberta

    O nome da empresa já havia aparecido na Lava Jato no fim do ano passado, como beneficiária da lavanderia do doleiro Alberto Youssef.

    Foi identificado depósito de R$ 100 mil em janeiro de 2011. O que não se sabia era que João Carlos Lyra seria o dono da Câmara & Vasconcelos.

    As suspeitas surgiram após Youssef afirmar, em delação premiada, em fevereiro, que o depósito para a Câmara & Vasconcelos referia-se a pagamento de dívida de campanha do senador Benedito de Lira (PP-AL), de 2010.

    "Seria [a Câmara & Vasconcelos] uma empresa de Pernambuco. Eu sei que era para um agiota que ele [senador] estava devendo dinheiro que ele havia pego para terminar a campanha. Ele me falou que esse agiota era do Recife", contou Youssef.

    Na petição em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou abertura de inquérito contra o senador e seu filho, o deputado Arthur Lira (PP-AL), foi pedida a oitiva de Lyra e o aprofundamento das investigações sobre a Câmara & Vasconcelos. A PGR quer que o empresário "esclareça as transferências mencionadas e a relação com os parlamentares" e se a empresa era utilizada por ele "para atividades de agiotagem".

    O senador nega recebimento de propina e irregularidades na campanha. João Carlos Lyra não foi encontrado. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".