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  • 28.05.2013 - 07:24

    Há 14 anos, a Nasa mostrava o mapa mais detalhado de Marte


    Vales profundos o suficiente para acomodar o monte Everest. Encosta que surpreenderam o cientista no Valles Marineris. Locais que, no passado, teriam abrigado mares e lagos. Vinte e sete milhões de elevações medidas com uma precisão de 13 metros. Há exatos 14 anos, a Nasa divulgava o mais detalhado mapa de Marte - feito com os instrumentos da sonda Mars Global Surveyor.

     

    "Estes dados incríveis significam que conhecemos a topografia de Marte melhor que algumas regiões continentais da Terra", disse à época do lançamento Carl Pilcher, diretor científico de Exploração do Sistema Solar da agência americana.

     

    O principal instrumento para mapear o planeta vermelho foi o altímetro a laser Mola (sigla para Mars Orbiter Laser Altimeter). O equipamento basicamente lançava um raio na superfície do planeta e calculava o tempo que ele demorava para retornar à sonda. Ao fazer esse cálculo, era possível medir o tamanho de um acidente geográfico.

     

    Alguns dos dados mais curiosos vinham das fortes diferenças entre o hemisfério norte, mais plano, e o sul, com um número bem maior de crateras. Como os declives no norte geralmente não eram provenientes de crateras, os cientistas tinham um indício de um processo geológico interno do planeta - em outras palavras, de que Marte tem (ou já teve) placas tectônicas.

     

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    Onde pousaram e fotos panorâmicas: saiba mais sobre as sondas em Marte

     

    Um dos locais que mais chamou a atenção foi a gigantesca cratera Hellas. Resultado de um impacto de um gigantesco asteroide, ela tem cerca de nove quilômetros de profundidade (o suficiente para "engolir" o Everest) e 2,1 mil quilômetros de diâmetro. A bacia é cercada por um anel que foi formado pelo material jogado pelo impacto e que, visto de fora, tem cerca de dois quilômetros de altura e estende-se a 4 mil quilômetros do centro da bacia.

     

    Água em Marte
    Outro dado importante fornecido pelo mapa de Marte foram as pistas dos locais onde o planeta vermelho pode ter tido lagos e mares. "Enquanto a água fluiu do sul para o norte em geral, os dados claramente revelam as áreas localizadas onde a água pode um dia ter formado reservatórios", diz à época Maria Zuber, do Centro Espacial Goddard, da Nasa, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

     

    Mas não foi somente dados científicos que o mapa da Mars Global Surveyor conseguiu. Hoje, muita gente pode conferir os dados topográficos, junto com os registros em infravermelho de outra sonda, a Mars Odyssey, no Google Mars. Você pode também o local de pouso de algumas das mais famosas sondas a chegarem ao planeta vermelho.

     

    O silêncio
    A Mars Global Surveyor chegou à órbita de Marte em 1997 e a Nasa previa que seu combustível acabasse em 2003, o que a impediria de usar seus instrumentos com precisão. Contudo, em 2001, os engenheiros criaram uma estratégia que poupou consideravelmente o combustível da espaçonave.

     

     

    Ela continuou a funcionar por quase uma década, registrando as mudanças nas regiões congeladas dos polos marcianos ao longo dos anos (como na imagem ao lado, que mostra registros de 1999 e 2005) e analisando locais propícios e interessantes para os pousos das próximas sondas com seus instrumentos capazes de medir não apenas a topografia, mas também a composição mineral do solo. O equipamento finalmente ficou em silêncio, em novembro de 2006. A causa seria um erro humano de programação que teria levado ao superaquecimento da bateria