O plano de alerta antiterrorismo na região parisiense, elevado na quarta-feira passada, será mantido nas próximas semanas e será reforçado ainda mais, depois dos ataques dos últimos dias, afirmou neste sábado o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

"Dado o contexto, estamos expostos a riscos. É importante, portanto, que o plano Vigipirata (de alerta), que foi aumentado na região de Paris e que foi alvo de medidas particulares no resto do país, seja reforçado no curso das próximas semanas", afirmou o ministro ao final de uma reunião de crise no palácio presidencial.

Ele também confirmou que a França adotou todas as medidas necessárias para garantir a segurança nas manifestações pela liberdade de expressão previstas para este domingo.

"Foram adotadas todas as medidas para que esta manifestação possa acontecer em um clima de recolhimento, respeito e segurança. Todas as disposições estão adotadas para garantir esta segurança", enfatizou.

Os supostos autores do massacre no jornal satírico francês "Charlie Hebdo", o homem que fez reféns em um mercado de produtos judaicos em Paris e pessoas sequestradas nessa loja kasher morreram na sexta-feira em duas ações realizadas quase simultaneamente pelas forças de ordem.

Após várias horas de cerco, a unidade de elite da gendarmeria iniciou a invasão à gráfica situada em Dammartin-en-Goele, 40 km a nordeste de Paris, onde os irmãos Said e Chérif Kouachi buscaram refúgio.

Said e Chérif Kouachi, dois irmãos franceses de origem argelina de 32 e 34 anos, respectivamente, suspeitos da autoria da matança na sede do "Charlie Hebdo", na quarta-feira, que deixou 12 mortos, e de executar um policial em uma rua próxima, morreram abatidos a tiros pelas forças de ordem, quando saíram atirando da empresa, com seus fuzis Kalashnikov.

Quase ao mesmo tempo, morreu em outra ação das forças de segurança um homem, supostamente vinculado a estes jihadistas e que fez pelo menos cinco reféns em um mercado de produtos kasher, no leste de Paris.

Segundo o procurador de Paris, François Molins, o sequestrador matou os quatro reféns no início do ataque.

A tomada de reféns foi atribuída a Amédy Coulibaly, um criminoso reincidente de 32 anos, já condenado em um caso de extremismo islâmico e que conheceu Chérif Kouachi na prisão, onde os jihadistas se radicalizaram.

Em discurso à nação, o presidente François Hollande declarou, após o dramático desenlace da tomada de reféns, que a França soube "fazer frente" à situação, mas advertiu "que não acabaram as ameaças" ao país.

De fato, um dirigente religioso da rede Al-Qaeda na Península Arábica (Aqpa) ameaçou a França com novos atentados, em um vídeo divulgado nesta sexta-feira e captado pelo Centro americano de Vigilância na Internet (SITE).

"Não estarão em segurança, enquanto combaterem Alá, seus mensageiros e seus fiéis", disse ao povo francês Narit al Nadari, uma autoridade da Aqpa em matéria da sharia, a lei islâmica.

"Soldados que adoram Alá e seus mensageiros estão entre nós. Não temem a morte, buscar o martírio em nome de Alá", completou.

Desde o atentado contra o semanário "Charlie Hebdo", na quarta-feira, até o fim da tomada de reféns, nesta sexta, morreram em diferentes ataques na França 17 pessoas, além dos três atacantes, e pelo menos 20 pessoas ficaram feridas.