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  • 18.04.2013 - 05:58

    Estudo mostra que robôs estão criando mais empregos


    O mais habitual argumento contra o uso dos robôs é que supostamente estes acabam com muitos empregos, substituindo operários. É uma visão compreensível, já que corresponde à verdade em algumas situações temporárias, e muitas vezes afectando grande número de empregados, como sucedeu com a introdução de manipuladores industriais nas fábricas. Mas é também verdade que muito do trabalho substituído é rotineiro e/ou perigoso, e sabemos agora que muitos desses trabalhadores acabaram por encontrar empregos bem mais aliciantes do que aqueles em que foram substituídos. O tema tem vindo a ser objecto de discussão e até aqui no Robotizando nos referimos a ele recentemente, a partir de um post de Paul Krugman no seu blogue do NYT.

    A plataforma online robohub, que funciona como uma revista online com comunicações de vários peritos internacionais em robótica sobre investigação, empreendedorismo, inovação e educação em robótica, debruçou-se recentemente sobre o assunto, ouvindo uma diversidade de opiniões sobre ele. O surpreendente é que os robôs, com a sua capacidade crescente de substituir humanos em tarefas cada vez menos rotineiras, estão na verdade a criar em muitos casos um igualitarismo crescente entre diversas regiões do mundo relativamente ao potencial para criarem produtos competitivos, sem terem que recorrer a salários baixos - os produtos são fabricados pelo mesmo tipo de robôs e sistemas de automação. Ao mesmo tempo, alguns estudos parecem mostrar que, em muitos casos, não só alguns empregos são mantidos, embora com características diferentes (mais criativos, menos perigosos), como o emprego na região aumenta em empresas que produzem produtos necessários às fábricas automatizadas.

    Temos aqui insistido na existência de um forte nicho de conhecimento em robótica em Portugal, que aliás começa a produzir os seus frutos em algumas das nossas PMEs de base tecnológica - um exemplo recente é o do vídeo deste post. E temos defendido que poderia ser uma área chave de investimento para fazer progredir Portugal à custa da sua tecnologia e conhecimento. Mas curiosamente a estratégia actual do nosso Governo aponta antes em competirmos pelos salários baixos, algo que já nem na China convence ninguém, e convidar a sair do país precisamente os jovens mais qualificados, por exemplo, em áreas tecnológicas.

    Ao contrário de Krugman, no seu post sobre robôs e empregos, temos cada vez menos motivos para dizer "Não" aos robôs. Mas pelos vistos temos cada vez mais para, como ele, dizer "Just Say Não" a esta política sem futuro.