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  • 18.07.2010 - 09:03

    Construção civil em alta deixa o estado da Paraíba sem tijolo e cimento


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    Do Jornal da Paraíba

    A indústria que envolve nacionalmente dez milhões de empregos, acaba de colocar cinco mil novos imóveis em oferta e estima uma movimentação anual superior a R$ 1,1 bilhão apenas em João Pessoa. Potência sustentada por um equilibrado tripé econômico - estabilização da inflação, abertura do crédito bancário e melhor renda dos trabalhadores –, a construção civil vem se tornando o alicerce sobre o qual se ergue novo cenário em todo o Estado, que vem verticalizando a vida de quem sonhava com uma oportunidade de emprego ou com a casa própria. Como um teto para chamar de seu deixou de ser realidade dos ricos, faltam cimento, telhas e tijolos no comércio para concretizar tantos sonhos.

    Comerciante há vinte anos, Maria da Paz Araújo poucas vezes conviveu com o problema de falta de material de construção no mercado. “Com esse boom no setor, as pessoas estão construindo cada vez mais, e muitas costumam comprar diretamente nas fábricas. Assim, os fabricantes estavam vendendo para o consumidor e deixando de abastecer o comércio, o que é proibido por lei”, revela a proprietária do Depósito Shalon. “A solução que encontramos foi mandar buscar na fábrica, já que as vendas cresceram em média 30%, principalmente de tijolo e cimento. São mais de dois mil sacos por mês”.

    O presidente da Federação do Comércio de Bens, Indústrias, Serviços e Turismo do Estado da Paraíba (Fecomércio-PB) Marconi Medeiros afirma que as lojas de materias de construção demonstram um crescimento de cerca de 9% em relação ao primeiro semestre de 2009. “Esses números correspondem principalmente ao estímulo do Governo Federal, através de programas como ‘Minha Casa, Minha Vida’, além o crescimento da renda da sociedade paraibana, que vem aumentando sensivelmente”, avalia.

    Programas públicos de incentivo a moradia impulsionam esse avanço, mas não são os únicos responsáveis pela expansão, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-JP), Irenaldo Quintans. “Os programas são um dos fatores, mas o mercado se aqueceu como um todo, pois com a atual estabilidade os trabalhadores têm mais condições de programar suas prestações e assumir os financiamentos relacionados à habitação”, revela Quintans.

    Depois de um longo período de resistência ao crédito para moradia, a retomada da oferta de financiamento bancário mostrou-se fundamental nesse processo. O engenheiro explica que hoje todos os bancos que operam em território nacional, independentes de serem oficiais ou privados, estão com créditos imobiliários à disposição dos clientes das mais diversas camadas sociais, emprestando dinheiro tanto para as construtoras quanto para o consumidor final.

    “Foram quase vinte anos de financiamentos apenas esporádicos, época em que o mercado quase não operou com bancos, pois estes temiam uma volta da inflação”, recorda Irenaldo Quintans. “Mas desde 2003 para cá o crédito imobiliário nacional passou de 0,5% a 5% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, crescimento sobretudo motivado pela aprovação da lei n° 10.931, que trouxe uma série de novidades imobiliárias, no que diz respeito à responsabilidade dos bancos de movimentarem no mercado os papéis imobiliários”.

    Para não correr o risco de perder uma fatia desse bolo, construtores, fornecedores e comerciantes já estão reforçando seus estoques. "A falta de material foi resultado de um desequilíbrio entre a grande procura e a capacidade da indústria de fornecer material, mas ambas já estão se ajustando”, adianta Irenaldo Quintans. “O processo leva algum tempo”, pondera.