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  • O movimento Armorial

    06/08/2014

     De caráter regionalista, a iniciativa do Movimento Armorial deve sua criação ao imortal da Academia de Letras, Machado de Assis, Ariano Suassuna. Dentro do seu vasto programa com vistas a todas as manifestações populares, surgiu a Orquestra Armorial de Câmera, organizada por Ele e o compositor Cussy de Almeida, com a colaboração de artistas e escritores da região Nordeste. Teve seu começo no âmbito universitário mas, para crescer, ganhou apoio oficial, da Secretaria de Cultura de Pernambuco e da Prefeitura Municipal do Recife.

    O Movimento se revela no interesse pela literatura, música, pintura, dança, escultura, heráldica e tudo que se relacione com a capacidade do ser humano, de por em prática uma idéia ou vocação. O andamento propõe-se a realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares, usando instrumentos típicos da nossa ancestralidade musical que remontam ao barroco do século XVIII.

    Com um repertório rico no folclore em que se destacam Cussy de Almeida, com o estilo identificado como Nordestinados: o “Aboio” e o “Kirie”. O maestro Guerra Peixe compareceu no projeto com “Galope” e “Mourão”. Capiba contribuiu com “Sem Lei e sem Rei”.

    Antes de lançada oficialmente, no Recife a Orquestra Armorial (pífano, rabeca, clavicórdio e viola de arco, etc) apresentou-se no Auditório da Universidade Federal da Paraíba, sob os auspícios do governo da Paraíba, na década de sessenta.

    O governador João Agripino foi portador de um convite de Ariano, para José Américo, em que ele expressava, em letra de forma, a satisfação de tê-lo, na representação teatral. como observador.

    Pela primeira vez pus meus olhos em Ariano. Vestia um modelo indiano de tecido azul. Indagado, por Juarez Batista, qual o alfaiate responsável pela indumentária, disse que uma amiga no Recife a cosia para ele. E adiantou que não usava palitó, peça que no futuro, passou a adotar, porém, sem mudar o estilo despojado e a costureira...

    Antes e depois da exibição do conjunto instrumental as pessoas acorriam para ele. Eram autoridades, professores, estudantes, admiradores e Ariano não parava de falar. A certa altura formou-se uma roda e alguém tocou no ombro de José Américo que se virou para conferir de quem se tratava. Ao documentar o gesto disse Ariano: “Ministro o senhor é muito corajoso, dá às costas a João Agripino”(sic).

    Indaguei o porquê da barda. E José Américo me disse que no passado as famílias Suassuna e Maia se desentenderam e houve conflitos entre os clãs. Esta semana ele partiu e deixou as “aulas-espetáculo” sem seu mestre e apresentador.

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    Lourdinha Luna é membro da Academia de Letras de AREIA.


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