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  • Reinaugurado o Almeidão

    12/07/2014

     Construído e aparelhado no governo Ernani Sátyro, o estádio moderno e suntuoso, dirigido aos aficionados do futebol, porém, à falta de conservação, o colosso esportivo estava em ruínas. Passados quarenta anos o governador Ricardo Coutinho, cumprindo seu programa de restauração de obras públicas, voltou-se para o Almeidão. O intuito era oferecer aos entusiastas do jogo, com bola no pé, instantes de emoção, com segurança e conforto. O momento escolhido para sua reinauguração não poderia ser mais adequado. Vivemos uma Copa do Mundo em que olhos e corações estão antenados no que se passa nos campos, transmitidos pelas telas das TVs e os comentários elucidativos.

    Dar o nome de José Américo de Almeida Filho ao Estádio de Futebol, no ano de 1975, foi um ato que teve o apoio, não apenas da sociedade futebolista, como de toda a comunidade paraibana. Américo Filho fora de extremado devotamento ao esporte bretão, por quem fez sacrifícios ingentes, desde sua fase no Botafogo Futebol de Regatas (RJ) onde se iniciou como amador.

    Residindo em João Pessoa, fora eleito Presidente do Botafogo Futebol Clube. Para dinamizá-lo contratou na Bahia os jogadores, já famosos, Arquimedes, Beto e Tita, e os fez funcionários do IPASE, porque o grêmio, sem patrimônio financeiro, não tinha como pagar os salários dos desportistas.

    Diz o professor Arael Costa que, sem desmerecer outros dirigentes, Américo Filho levou a equipe do Botafogo a vitórias jamais imaginadas. Na presidência do Clube, numa competição na arena do Esporte Clube Cabo Branco (Jaguaribe) a seleção local impôs ao Flamengo, do Rio de Janeiro, uma derrota espetacular. Nesse embate empenharam-se os irmãos Zearmando e Kleber Bonates, Antonio Berto, Vavá, Galego, Noca, Elcio que fizeram do Estrela Vermelha, mais uma grandeza da Paraíba. Outra vitória ocorreu no Pacaembu, em que o Bota da Paraíba superou as seleções da região.

    Para reforçar minhas lembranças e as de Arael, juntei as recordações do Auditor Fiscal Gilvandro Sales, de saudosa memória, que foi testemunha de uma longa fase do Botafogo. Ele relembrava a atuação de Eurivaldo Guerra (Vavá), como servidor da Fazenda Estadual que, com amor à camisa, levou a sucessos inesquecíveis, o time que defendia.

    De Zearmando Bonates, Américo o fez Vereador da Câmara de João Pessoa e Kleber servidor público pelo mesmo motivo dos anteriores, vindos de Salvador-BA.

    Américo reportava-se à maior aventura de sua vida futebolística: ter tido a corajosa atitude de contratar o Vélez Sarsfield, de Buenos Ayres, para partidas com o nosso Botafogo e o Treze de Campina Grande, com as despesas pagas por ele, o sonhador das quimeras impossíveis. .Muitas vezes teve de se amparar na generosidade dos amigos, para ajudá-lo a pagar as despesas ordinárias da Associação.

    O Botafogo exibia-se em espaços cedidos, por empréstimo, até seu gestor (Américo Filho) conseguir um terreno no bairro dos Estados, em João Pessoa, onde, anos à frente se abrigou o DEDE. Foi nesse local que os expectadores esperaram o milésimo gol de Pelé, frustração que ainda dói no coração paraibano.

    Os dirigentes do Santos e o do Botafogo da Paraíba haviam acertado um amistoso entre as equipes, para enfaixar o bicampeão paraibano. Pelé o maior astro do futebol mundial, participaria da competição. O desportista já havia chegado 998 vezes às redes adversárias. O milésimo gol, no entanto, “não deveria

    ser marcado num Estado pobre e inexpressivo, contra uma equipe sem tradição nacional.” Essa era a recomendação do cartola Mazzei, do Santos.

    O governador João Agripino chutou a bola, para o inicio da competição. José Américo impôs àquele que seria o desportista do século XX, a condecoração de honra ao mérito.

    Na exibição das equipes (Botafogo x Santos) Pelé fez o gol 999. Todos os jornalistas da capital e de Campina Grande e Estados vizinhos marcaram presença no estádio. Dizem que veio representação dos grandes Estados e até da América do Sul.

    Após o gol inevitável, o Rei foi jogar como goleiro, no lugar de Agnaldo, desde que, de caso pensado, não levaram outro golquíper. A trapaça se registrou depois que o arqueiro simulou uma contusão para afastar a possibilidade de Edson Arantes do Nascimento fazer outra jogada vitoriosa, fora do Rio de Janeiro.

    No conclave, em João Pessoa, o campo não cabia mais ninguém. Os que ficaram fora gritavam pedindo para entrar. No intervalo para o segundo tempo, Américo abriu o portão e a algazarra assustou o governador João Agripino que viu no seu gesto, uma revanche contra o time visitante. .

    No entreato para o milésimo gol houve, apenas, um jogo contra o Bahia. Quando o zagueiro Nildo tirou a bola em cima da linha, para impedir o feito espetacular do Rei, foi vaiado pela própria torcida.

    A “tragédia” está explicitada numa ajuizada matéria do jornalista Biu Ramos, que conta, com detalhes, a frustração que viveram os sofridos espectadores da farsa exibida na capital da Paraíba.

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    Lourdinha Luna é membro da Academia de Letras de Areia.


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