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  • O PMDB sem garra

    02/07/2014

     Após a redemocratização de 1945 e sob os auspícios de um bom augúrio, nascera o Partido Social Democrático (PSD), de caráter liberal-conservador.

    Compareceram à reunião preparatória, ex-Interventores de Estado e nesse grupo se integraram como seus fundadores: Negrão de Lima (MG), Auro de Moura Andrade (SP) Ernani do Amaral Peixoto (RJ) Etelvino Lins (PE), Luiz Vianna Filho (BA)_Ildo Meghetti (RGS), Nereu Ramos (SC), Benedito Valadares, Carlos Luz, Fernando de Souza Costa e Augusto do Amaral Peixoto. Incorporaram-se, ainda, no plano federal, ao recém-criado, próceres como Armando Falcão, Ruy Vieira Carneiro e Ulisses Guimarães, no plano federal..

    Na Paraíba, Ruy Vieira Carneiro, Severino Lucena, João Fernandes de Lima e os deputados Odon Bezerra, João Lelis de Luna Freire, Pedro Gondim, Djalma Leite, Balduino Minervino de Carvalho, Otacílio de Queiroz, José Fernandes de Lima, Severino Ismael, Inácio Feitosa, Osvaldo Pessoa, Tertuliano Brito, Aggeu de Castro, Lindolfo Pires e Bernardino Soares, foram os protagonistas de sua criação. Cito, apenas, os que compuseram a 1ª legislatura, no alvorecer do regime democrático. Foram eles os valorosos pessedistas que conduziram o processo de sua formação como Partido Social Democrático (PSD) no Estado altaneiro que desconhecia traição, infidelidade, perfídia...

    O PSD, que ressuscitava das cinzas da ditadura civil de Getúlio Vargas, era tão aguerrido e forte que elegeu dois Presidentes da República, Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek, ambos pelo PSD/PDT. Ao mineiro (JK), se atribui a gloria de ter levado o Brasil ao progresso, de olhos e mentes dirigidos para o futuro.

    Mas, “havia no seu caminho uma pedra”. A tentativa de exorcizar o regime do povo pelo povo e introduzir o marxismo no país, forçou o Exercito brasileiro a tomar uma medida arbitrária, para evitar o pior. Quando se registram os fatos lamentáveis do período militar se olvidam os antecedentes!...

    Fundado o PSD, em 17/07/1945, fora extinto pelo Ato Institucional nº 2, de 27/10/1965, quando o sistema militar se impôs no país. O PSD teve vida curta, no entanto nos 19 anos de sua atuação, empenhou-se para assegurar a perpetuidade da democracia brasileira.

    A estrutura organizada em 1964, permitiu a instituição, apenas, de dois Grêmios - Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que defendia o governo e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), oponente aos objetivos definidos, inaugurados na política de forma programática e realista.

    Com o fim do bipartidarismo brasileiro, em 1980 (um sistema de governo que nasceu com a Revolução Francesa), a sigla passou a Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Contrária a situação dominante, a legenda enfrentou apuros, mas, em nenhum momento esmoreceu ou dividiu-se... É, ainda, o maior Partido político nacional, com 2.352.472 filiados (Censo 2010). Com tal pujança, no entanto, tende a esfacelar-se e perder o carisma especial de liderança.

    Tive a honra de, em 1975, quando em São Paulo, José Américo recebeu o prêmio Juca Pato, de documentar a conversação entre ele e o Presidente do Congresso, Ulisses Guimarães, de voz mansa e olhar enigmático. Na exposição, mostrou as limitações quanto a idéias e pensamentos pessedistas. Porém, como revelou, causava surpresa a presença dos associados nas reuniões. E havia os que

    se achegavam para participar dos encontros com a proposta de se aliar ao Partido!...

    Eu que, por dever de oficio, escutava silenciosa, pois não me competia dar opinião, mas ouvir, para comentar com José Américo se ele desejasse refrescar sua prodigiosa memória.

    Sem me conter disse-lhe: Presidente Ulisses: voltamos aos primeiros séculos, quando os perseguidos porque seguiam Cristo, surgiu o slogan: “sangue de mártires, sementeiras de cristãos.”

    Numa situação atípica, o MDB era vigoroso, unido, valente e respeitado. Chegou a ser a maior sociedade política da Nação, com superior representação partidária. Falta à agremiação reinvestir-se nas qualidades que formaram o seu caráter como Partido Político. A lei da Fidelidade Partidária é letra morta. Em moda estão os conchavos, a maquinação, a trama.

    Humberto Lucena é sempre citado nos momentos difíceis da sociedade pessedista. Enquanto vivo manteve o PMDB unido. Podia haver divergência, porém não resistia às considerações que emanavam de sua autoridade.

    Há nos associados, entre maiores e menores, ressentimentos e mágoas. Dai a corrida para outras facções que se fortaleceram com o enfraquecimento do glorioso e dinâmico ex-PSD, de Ruy Vieira Carneiro, líder que faz falta na composição do entendimento e da paz no regaço peemedebista.

    Loas para Ulisses Guimarães ao mostrar que o PMDB vivia, apesar dos insucessos.

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    Lourdinha Luna é membro da Academia de Letras de Areia.


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