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  • Ano desastroso e fecundo

    11/06/2014

      O ano de 1914 foi desastroso para a comunidade européia, ao ouviu o toque das trombetas, no anúncio da primeira grande guerra, que se iniciou na Europa e durou de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918. O conflito global centrou-se na Europa, mas seus efeitos nefastos, estenderam-se a toda humanidade, que sofreu com as conseqüências do litígio. No embate envolveram-se grandes potencias que se organizaram em duas alianças opostas. Os aliados, com base na tríplice Entente (acordo entre o Reino Unido, França e Império Russo).Em oposição juntaram-se a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, com o intento de fazer oposição aos Impérios Centrais.

    Mais de 70 milhões de europeus foram mobilizados em um dos maiores confrontos militares da historia universal. Nove milhões de soldados foram abatidos, em face dos avanços tecnológicos, já usados na época, com o influente crescimento de armas letais. Os combatentes não tiveram a proteção correspondente das forças armadas, dos paises em luta, e seu círculo vital fora interrompido...

    Enquanto a Europa se digladiava, o Brasil preparava-se, de modo especial, a Paraíba, para receber seus bebês que nasceriam, nesse ano da graça, e no futuro iriam enaltecer a cultura paraibana, com posições de destaque nas Letras, na Jurisdição, na Ciência Médica, na Política, nas Artes e nas Carreiras Religiosas e das Armas. Um século depois estamos rememorando os homens que ilustraram e perlustraram os caminhos da pátria, com dignidade, lhaneza, independência e amor.

    Em 2014, completaram 100 anos: Abelardo Jurema, João Agripino Filho, José Joffily e Pedro Gondim, que se dedicaram ao proselitismo partidário. Dos quatro muito já se disse: do seu caráter, do trabalho, das ações, sem esquecer os tropeços nas descidas e as glorias nas ascensões. À exceção de João Agripino os demais foram vítimas do regime totalitário que se implantou no país em 1964. Dois governaram a Paraíba – Pedro Gondim e João Agripino.

    O que nos contenta é que poucos os acusam de atos falhos, por simples maldade. A Pedro Gondim, há quem lhe faça injustiça, num jogo dúbio, acusando-o e elogiando-o, dependendo da assistência, o que prova a falta de caráter do usuário do expediente bizarrro....

    No documentário de autoria do cineasta Lucio Vilar, sobre Pedro Gondim, nas homenagens do seu centenário, pessoas que conviveram com o aniversariante resgataram sua memória, destacando a ética de seus atos, as lutas memoráveis de um homem público, dos mais sérios que na Paraíba ocupou os escalões superiores da administração estadual.

    O Tribunal de Justiça da Paraíba não esqueceu seus juristas. O primeiro, de saudosa memória, fora o desembargador Emilio Farias. Ao rememorar seu discurso de posse no alto cargo, enterneceu-me ao afirmar que iria dirigir a Corte, na fé inabalável de que, se não pudesse exaltá-la, jamais seria diminuída no seu comando.

    No julgamento de seu neto Bruno Farias, que herdou do avô a inteligência e a percepção para uma correta apreciação de suas decisões, disse, o Vereador em sua oração, ter sido Emilio Farias “um magistrado por vocação, humanista por inspiração, e democrata por essência”.

    Fora lembrado em outra sessão solene no TJ o desembargador Francisco Floriano da Nóbrega Espínola, que saudado pelo que ia substituí-lo, em 1966, des. Moacir Montenegro, afirmou ter sido o juiz Espínola um colaborador solícito e eficaz, um dos mais íntegros e talentosos da Justiça paraibana.

    O desembargador Francisco Espínola transferiu ao cargo que ocupou o brilho da sua inteligência e o dinamismo da sua cultura jurídica na movimentação dos feitos sobre sua supervisão. Com segurança e acentuado senso administrativo, na direção dos serviços burocráticos dos órgãos que constituem o Judiciário paraibano, revelou sua capacidade de direção. Resumindo o apreço de José Américo pelo juiz Francisco Espinola, faço minhas suas palavras, na ocasião festiva. “A Corte de Justiça da Paraíba é um luxo...”

    A Associação de Medicina da Paraiba prepara-se para rememorar os cem anos do médico e professor Antonio Dias que, originário de outro Estado se fez paraibano, pela dedicação à terra que o adotou. O homenageado merece de minha parte um comentário, que deveria ser de seu cliente e amigo José Américo. Em sua ausência tentarei, com minhas palavras, que não têm o sortilégio das dele, falar de seu afeto e gratidão para com o doutor Antonio Dias, na criação e implantação da Escola de Medicina, na Paraíba.

    Outro que teve sua origem em 2014 e que não posso esquecer é Reynaldo Almeida que, por simplicidade ou temperamento, não falava de si, mas me confiou alguma coisa, que mostra o quanto fora correto, em sua vida particular e nas missões que lhe foram confiadas, pelo Exercito brasileiro..

    Quantos paraibanos, que se firmaram em outras áreas, mas, por modéstia de suas famílias, não são lembrados, para nas reverências das gerações subseqüentes também serem recordados.

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    Lourdinha Luna é membro da Academia de Letras de Areia.


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